Crise climática

UFRGS estima que quase 600 mil tenham sido atingidos pelas enchentes na Grande Porto Alegre 

Levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
São Leopoldo tem mais de 180 mil pessoas desabrigadas na maior cheia do rio dos Sinos - Foto: Ascom Prefeitura Municipal

"Não perdemos só os móveis, os eletros, roupas. Eu perdi minha história, meus livros, as fotos, a trajetória de uma vida pessoal e política. Família está a salvo, cinco noites praticamente sem dormir, mas a vida de milhares de leopoldenses é o mais importante. Seguimos trabalhando, torcendo que essa tragédia passe logo, que o rio baixe e que todos possam voltar para suas casas e recomeçar."

O desabafo foi feito pelo o prefeito da cidade de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), em sua rede social, em que mostra a imagem da sua casa, localizada no bairro Campina, invadida pelas águas do rio dos Sinos.

Mais de meio milhão de pessoas atingidas na região Metropolitana

O prefeito de São Leopoldo é apenas uma das quase 600 mil pessoas afetadas pelas inundações no estado. Uma equipe do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS) divulgou, neste domingo (5), uma estimativa preliminar do número de pessoas e domicílios atingidos na cheia de maio de 2024 na região Metropolitana de Porto Alegre. O número baseia-se na mancha de inundação divulgada pela equipe e pelos dados do Censo Demográfico 2022. De acordo com o levantamento mais de meio milhão de pessoas foram atingidas.

Total de pessoas: 587.439 (mais de meio milhão de pessoas)
Total de domicílios: 263.369

Veja neste link a relação completa

São Leopoldo

A cidade leopoldense, localizada no Vale dos Sinos, está entre as mais afetadas da região Metropolitana de Porto Alegre. De acordo com o Executivo municipal, há cerca de 180 mil pessoas desabrigadas e desalojadas.

Atualmente, há pelo menos 57 abrigos em São Leopoldo, que estão acolhendo 12 mil famílias removidas de suas casas devido às enchentes. Conforme a marcação da manhã desta segunda-feira (6), às 7h, ocorreu a baixa de 20 centímetros no nível do Rio dos Sinos, que estava na marca de 7,64 metros.

A situação no município fez com que a prefeitura decretasse situação de calamidade pública. A medida foi anunciada na manhã de sábado (4). Na madrugada de domingo (5) as águas haviam chegado no centro da cidade. 

Novo Hamburgo

Na cidade vizinha, Novo Hamburgo, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação calcula que cerca de 32 mil pessoas foram impactadas pela maior cheia da história do rio dos Sinos. O número representa a população dentro da área onde chegou a água, atingidas total ou parcialmente, não significando desabrigados, levando em conta os setores censitários do IBGE.

O município está acolhendo cerca de 4 mil pessoas atingidas pela cheia em abrigos coordenados pelo Executivo municipal. Além deste total, há pessoas abrigadas em igrejas e outras instituições, que são responsáveis pela administração destes pontos.

O rio dos Sinos em São Leopoldo chegou à marca acima de 9 metros neste final de semana. Às 16h desta segunda-feira, marcava 8,46 metros, de acordo com a Comusa, empresa pública municipal responsável pelo serviço de água e esgoto. Por conta da oscilação do rio, o abastecimento de água segue interrompido.

Canoas 

Em coletiva realizada nesta segunda, o prefeito Jairo Jorge (PSD) pontuou que a estimativa é que demore até dois meses para o recuo da água que invade Canoas. "De 45 a 60 dias, é o tempo que estamos estimando para que a água recue totalmente e que possamos começar a pensar na normalidade. São estimativas que recebemos de instituto de meteorologia."

A cidade tem ao menos 17 mil pessoas em abrigos e já registra duas mortes em função da enchente. 

Estma-se que a cidade vizinha a Porto Alegre tenha cerca de 200 mil pessoas afetadas pelas inundações. Com mais de 50 mil pessoas vivendo em áreas de risco, a prefeitura, neste sábado, orientou a população de todo o lado oeste a deixar suas casas e buscar abrigo em locais mais altos e seguros do município.

Eldorado do Sul 

Com uma situação bastante crítica, o prefeito de Eldorado do Sul, Ernani Gonçalves (PDT), nesta segunda, através da rede social da prefeitura, reiterou o pedido de ajuda. De acordo com o Executivo municipal, é urgente a reposição dos estoques de água, alimentos e medicamentos, fundamentais para evitar um agravamento da situação.

A Defesa Civil de Eldorado do Sul está recebendo doações no ponto de referência da BR 290, próximo ao Supermercado Asun.

Em entrevista à Rádio Gaúcha neste domingo, o prefeito disse que a cidade está enfrentando uma "extrema calamidade" devido às chuvas e enchentes devastadoras. Com uma população de cerca de 40 mil habitantes, estima-se que entre 20 mil e 30 mil pessoas estejam desabrigadas.

Gonçalves descreveu a situação como desoladora, afirmando que "acabou o nosso município", devido ao isolamento da cidade em relação aos vizinhos e ao fato de que o centro foi 100% atingido. O acesso só é possível por helicóptero.

 

*Com informações do GZH e portal Terra

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira