Há 13 anos, a Venezuela enfrentou uma das maiores dificuldades do país ligadas a eventos climáticos extremos em todo século 21. As chuvas registradas no norte do território nacional levaram o governo a decretar emergência parcial e desencadearam um dos maiores programas de habitação da história venezuelana.
Ao menos 130 mil famílias ficaram desabrigadas e 38 pessoas morreram nas chuvas que atingiram os Estados de La Guaira, Falcón, Miranda, Caracas e Anzoátegui. Os danos estruturais registrados fizeram com que o governo usasse grande parte de prédios públicos e estruturas militares como abrigo. Até a sede do governo, o Palácio Miraflores, foi usado para receber pessoas que perderam suas casas.
As chuvas destruíram uma série de estradas e bloquearam a única via que liga a capital Caracas ao Estado de La Guaira, onde está o Aeroporto Internacional Simón Bolívar. O hoje presidente, Nicolás Maduro, era ministro das Relações Exteriores. Ele foi orientado pelo então chefe do Executivo, Hugo Chávez, a abrir a chancelaria para receber famílias desabrigadas.
Naquele fim de ano, os temporais superaram o volume de água das chuvas de 1999, que ficaram conhecidas como a Tragédia de Vargas. No episódio, cerca de 15 mil pessoas morreram ou ficaram desaparecidas no Estado.
O evento climático extremo que atingiu a Venezuela nos meses de novembro e dezembro de 2010 fez com que Chávez anunciasse, em abril de 2011 o programa Grande Missão Moradias. O objetivo era construir 2 milhões de casas para as pessoas atingidas pelas chuvas, mas o programa cresceu e se estendeu também para a população que, por motivos econômicos, não podia comprar suas casas.
Naquele período, Chávez pediu que os afetados esperassem “com calma” nos abrigos criados pelo governo até que a primeira leva de casas fosse entregue pelo governo. “Não importa se teremos que ficar seis meses ou um ano aqui . Eles não deveriam voltar para os bairros que estão em perigo”, disse o então presidente.
Doze anos depois, o Ministério para o Ecossocialismo anunciou ter construído mais de 4 milhões de moradias no país. De acordo com o presidente Nicolás Maduro, no último dia 30 o governo chegou a marca de 4,9 milhões
A mitigação de chuvas como parte dos efeitos climáticos extremos, no entanto, ainda é uma questão a ser enfrentada. O registro de chuvas bateu recorde em 2022 na Venezuela. O levantamento mais recente do Observatório Ecológico da Venezuela indica que de janeiro a dezembro daquele ano, choveu o equivalente a 1.107mm, muito acima da média de 887,0 mm. O grupo registrou ao menos 100 eventos climáticos extremos ligados às chuvas naquele ano.
Edição: Rodrigo Durão Coelho