Mais de 9,8 mil pessoas atingidas pela enchente estão em abrigos temporários em Porto Alegre, mas os amigos e familiares não têm como buscar por seus nomes em uma lista oficial. Os locais, organizados pela Prefeitura ou cadastrados por instituições parceiras, abrigam moradores da Capital, de Eldorado do Sul e de outras cidades da Região Metropolitana.
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) afirma que existe uma listagem oficial dos abrigados, mas não informa se ou onde pode ser acessada. A Prefeitura de Porto Alegre indica, em seu canal de atendimento no Whatsapp, quatro números de telefone para entrar em contato com os abrigos. No entanto, não sabe informar de qual abrigo é cada número.
Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, a listagem de abrigados é responsabilidade dos municípios. “Cada prefeitura tem a sua lista. Quando começar a ter os benefícios estaduais, eles terão que mandar a lista das pessoas para o governo do estado”, explicou a assessoria da pasta. O Estado conta com uma lista dos locais de abrigo, por município, informados à Defesa Civil (acesse aqui).
Questionada sobre como enviará para o governo do estado a listagem de pessoas que estiveram nos abrigos de Porto Alegre, a Fasc afirmou que a informação sobre os benefícios sociais do estado “ainda não chegou”. “É preciso que as pessoas integrem requisitos, e os serviços são executados pelos municípios, como o Cadastro Único, por exemplo. O governo precisa alinhar com os municípios”, informou a assessoria.
Em Canoas, na Região Metropolitana, a prefeitura administra uma planilha com mais de 17,7 mil nomes de pessoas e os abrigos onde se encontram. A listagem é pública e frequentemente atualizada. Além disso, o município disponibiliza um formulário para quem quiser cadastrar novos abrigos.
Iniciativas ajudam a localizar abrigados
Frente ao desafio de encontrar pessoas que estão em abrigos e que se perderam dos familiares, algumas iniciativas independentes começaram suas próprias listas. É o caso da plataforma Tô Salvo, onde os voluntários já cadastraram 8,7 mil pessoas atendidas em abrigos. No site tosalvo.ong.br, é possível buscar por qualquer nome e/ou sobrenome, e a plataforma retorna uma lista com nomes correspondentes e onde encontrar as pessoas.
Na Orla do Guaíba, onde a população montou uma força-tarefa para receber resgatados que chegam por embarcações, havia uma preocupação em anotar os nomes de quem chegava. A estrutura permitia que fossem elaboradas listas escritas à mão que circulavam em pranchetas. “A ideia não é necessariamente ter os números, mas sim poder avisar as pessoas se algum familiar já passou por aqui. Para ninguém ficar esperando por alguém que já foi para o abrigo”, explicou um dos voluntários.