Nesta quarta-feira (15), dia em que se completam 76 anos do evento chamado no mundo árabe de Nakba – ou tragédia – palestina, manifestações em todo o mundo chamaram a atenção para o atual massacre do governo de Israel contra a população palestina na Faixa de Gaza.
Cerca de 15 mil palestinos foram mortos durante a Nakba em 1948 e cerca de 450 mil foram expulsos de suas terras, após a criação do Estado de Israel. Desde 7 de outubro, Israel matou mais de 35 mil palestinos em Gaza e 1,7 milhões de pessoas foram deslocadas – mais do dobro do número de 1948.
Em São Paulo (SP), a Frente Palestina SP convocou um ato tendo como ponto de partida o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Empunhando bandeiras da Palestina e cartazes pelo "fim do genocídio em Gaza", os manifestantes percorreram a avenida Paulista e finalizaram a manifestação na praça Roosevelt. Ao final do protesto, os manifestantes atearam fogo à bandeira de Israel.
Mohamad El Kadri, um dos fundadores da Frente Palestina e presidente do Fórum Latino Palestino afirma que o ato tem o objetivo de resgatar a catástrofe palestina após a criação do Estado de Israel em 1948, dando início ao conflito árabe-israelense, evento que ajuda a compreender a situação atual na Faixa de Gaza. "Há os massacres, continuam a ocupação e a colonização israelense. É importante levar esse conhecimento à população. Muita gente acha que a questão da Palestina começou em 7 de outubro de 2023, mas ela começou em 1948 com a ocupação da Palestina e a fundação do Estado de Israel."
El Kadri esteve na Turquia em abril, quando o Fórum Latino Palestino chefiou uma comitiva com quase 40 deputados de 15 países da América Latina e América Central, com o objetivo de discutir ações conjuntas contra o Estado de Israel. "Foi muito importante porque deu para nós o novo impulso para as atividades que estão ocorrendo na América Latina, para dar novos rumos, atuando nos parlamentos, para que haja também rompimento de relações, de acordos comerciais com Israel em todas as áreas. Além do cessar-fogo imediato, nossa motivação é cada vez mais pela condenação dos ataques de Israel, principalmente agora em Rafah, levando lideranças a pedirem em vários parlamentos a prisão de Netanyahu e a corresponsabilidade dos Estados Unidos, que financiam esse crime, esse genocídio que Israel está praticando lá em Gaza e na Palestina."
Cerca de 600 mil pessoas, um quarto da população de Gaza, foram deslocadas de Rafah desde 6 de maio, enquanto a operação terrestre israelense continua. Nas últimas 48h, 150 mil palestinos deixaram a cidade, que faz fronteira com o Egito. As informações foram divulgadas nesta quarta (15) por Farhan Haq, porta-voz do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
Protestos no Oriente Médio e na Europa
Na Cisjordânia, um grupo de manifestantes realizou um ato na cidade de Ramallah. Descendentes e aliados da causa palestina também realizaram manifestações para marcar a data da Nakba na Jordânia e no Líbano, e em cidades europeias como Paris, Londres e Berlim.
Manifestantes também marcharam em Beirute para marcar o aniversário da Nakba. A manifestação começou em frente à Universidade Americana de Beirute e chegou ao seu destino final em frente à embaixada britânica na cidade.
A polícia grega entrou em confronto com manifestantes durante uma marcha pró-palestiniana até a embaixada de Israel na capital Atenas. Mais de 2,5 mil pessoas marcharam pelas ruas até a embaixada carregando bandeiras palestinas e gritando: "Liberte a Palestina!". Um grupo de manifestantes e atirou pedras contra a polícia que formava um cordão de segurança fora da embaixada. A polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersá-los. Três pessoas foram detidas durante os breves confrontos, disse um policial.
O primeiro-ministro palestino, Mohamed Mustafa, afirmar que este é o "aniversário mais doloroso que já vivemos". Na mesma linha, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNWRA) também publicou um comunicado ligando a memória da Nakba ao massacre atual: "Este aniversário será especialmente doloroso, uma vez que Gaza enfrenta uma nova Nakba, após meses de violência e intensos bombardeios e ataques".
*Com Al Jazeera e Opera Mundi
Edição: Leandro Melito