O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná vai realizar, entre os dias 27 de maio a 8 de junho, a 2ª Jornada da Natureza - Semeando vida para enfrentar a crise ambiental. As ações serão realizadas em todas as regiões do estado e vão marcar o Dia da Mata Atlântica e o Dia Mundial Meio Ambiente, celebrados em 27 de maio e 5 de junho, respectivamente.
A Jornada reforça a integração da luta pela reforma agrária com ações de enfrentamento à crise ambiental, que já causa danos incalculáveis à vida, sendo a mais recente no Rio Grande do Sul, e em diversas partes do planeta. A ação é parte do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis do MST. E busca intensificar a recuperação ambiental e a produção de alimentos saudáveis, com a meta de plantar 100 milhões de árvores até 2030.
“Nosso objetivo é trazer o debate sobre a importância de grandes medidas para enfrentar a crise ecológica. É a organização popular tomando a frente, mostrando que é possível fazer a luta pela terra, produzir alimentos e cuidar do meio ambiente”, explica Tarcísio Leopoldo, integrante da direção estadual do MST e produtor agroecológico na comunidade Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná.
Parte da programação da Jornada será na comunidade Dom Tomás Balduíno, que receberá pela segunda vez o sobrevoo para lançamento de sementes de palmeira juçara, planta em risco de extinção, conhecida como açaí da Mata Atlântica.
A semeadura da juçara também ocorrerá em união com as comunidades Guarani e Kaingang da Terra Indígena de Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, com o assentamento Agroflorestal José Lutzenberger, em Antonina, e com outras comunidades tradicionais do litoral paranaense. Ao todo, serão semeadas 10 toneladas da palmeira juçara.
O plantio de árvores também se estenderá aos municípios de Pinhão e Guarapuava, com o lançamento de cinco toneladas de pinhão, a semente da araucária. A ação será em comunidades da reforma agrária, de quilombolas, faxinalenses e posseiros.
As sementes estão sendo coletadas em mutirão nas próprias áreas da reforma agrária, por camponesas e camponeses moradores das comunidades. Assim como a juçara, a araucária também corre risco de extinção devido à exploração predatória com fins comerciais e madeireiros.
Além das semeaduras, estão previstas a realização de mais de 30 oficinas relativas a questões ambientais em diversos municípios e implantação de sistemas agroflorestais comunitários. Entre as oficinas, estão as de araucária enxertada e pinhão na culinária.
A 2ª Jornada da Natureza é realizada pelo MST em parceria com Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Superintendência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR), Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Itaipu Binacional, Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa).
Também participam: Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA), Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro Oeste do Paraná (Crehnor), Universidade Federal da Fronteira Sul campus Laranjeiras do Sul (UFFS), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Instituto Água e Terra (IAT) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR).
Lançamento de juçara se mostra efetivo
Em junho de 2023, a comunidade Dom Tomás Balduíno recebeu a primeira edição da Jornada da Natureza com a Festa da Semeadura da Juçara. Na ocasião, em conjunto com órgãos públicos, foram lançadas quatro toneladas de sementes da palmeira juçara em uma área de 67 hectares de reserva legal da Reforma Agrária.
Cerca de cinco meses após o lançamento das sementes, a efetividade da semeadura foi avaliada por pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em parceria com a PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica), Ibama e Itaipu Binacional. A equipe avaliou a germinação das sementes e o crescimento de várias mudas, algumas, hoje, com mais de 50 centímetros, já ocupam espaço no sub-bosque da floresta onde não existem exemplares adultos da juçara.
Reforma agrária e a conservação ambiental
Segundo dados do Instituto Água e Terra do Paraná (IAT) sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a média de cobertura vegetal nativa nos 333 assentamentos rurais no Paraná foi de 29,51% em 2021. Essa média está acima do que indica o Código Florestal, que é de 20% de reserva legal.
Esses números da Reforma Agrária contribuem, de acordo com a engenheira florestal Claudia Sonda, do Instituto Água e Terra (IAT), para proteger e restaurar o que resta da Mata Atlântica, uma das mais ricas em diversidade de espécies e ameaçadas do planeta. Hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente.
PROGRAMAÇÃO (PRÉVIA)
2ª Jornada da Natureza - Semeando vida para enfrentar a crise ambiental
27/05 (Dia da Mata Atlântica)
Local: Comunidade Nova Aliança, Pinhão
Atividade: Oficina de enxertia de pinheiro araucária com Professor Flávio Zanette (UFPR), e implementação de Sistema Agroflorestal de araucária enxertada, erva-mate e outras árvores nativas.
28/05
Local: Comunidade Nova Aliança, Pinhão
Atividade: Oficina “Pinhão na Culinária” com Embrapa e nutricionistas da Unicentro.
03/06
Local: Comunidade da Reforma Agrária Dom Tomás Balduíno, Quedas do Iguaçu
Atividade: Lançamento de sete toneladas de palmeira juçara.
04/06
Local: Terra Indígena Rio das Cobras, Nova Laranjeiras
Atividade: Lançamento de duas toneladas de palmeira juçara e plantios de erva-mate, araucária, outras árvores nativas e mandioca.
05/06 (Dia Mundial do Meio Ambiente)
Local: Complexo Zattar, Guarapuava e Pinhão
Atividade: Lançamento de cinco toneladas de pinhão.
07/06
Local: Comunidade José Lutzenberger, Antonina
Atividade: Lançamento de uma tonelada de palmeira juçara.
Com informações da página do MST.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lucas Botelho