Vitória parcial

Justiça de Londres decide que Assange pode contestar extradição aos EUA

Agora, defesa pode apresentar recurso para que fundador do WikiLeaks não seja enviado a Washington

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As autoridades norte-americanas querem condenar Assange argumentando que suas ações no WikiLeaks prejudicaram a segurança nacional dos EUA - Justin TALLIS/AFP

A Corte Real de Justiça de Londres decidiu, nesta segunda-feira (20), que o jornalista e fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, pode contestar a eventual extradição aos Estados Unidos caso este seja o julgamento do Supremo Tribunal de Londres, que deve ocorrer também nesta segunda. 

Assim, após uma audiência, um dos mais altos tribunais da Inglaterra e do País de Gales avançou com uma decisão que permitirá ao australiano apresentar um recurso contra sua extradição. 

Segundo o jornal norte-americano The New York Times, dois juízes da Corte disseram “que permitiriam que um recurso fosse ouvido sobre um número limitado de questões”. 

O jornal ainda escreveu que a decisão a favor de Assange havia sido adiantada em março passado, exceto se o governo dos Estados Unidos “desse uma garantia satisfatória de que o Sr. Assange receberia proteções ao abrigo da Constituição dos EUA, não seria discriminado em razão da sua nacionalidade, e que a pena de morte não fosse imposta”. 

Por sua vez, a embaixada dos EUA na Inglaterra forneceu as solicitações, no entanto contestadas pela defesa de Assange

Pela atuação investigativa no site Wikileaks, o jornalista australiano está sob detenção da polícia de Londres na prisão de segurança máxima de Belmarsh desde 2019, onde tem sofrido tortura psicológica, como alega seu pai John Shipton, mesmo após ter sua extradição negada pela justiça do Reino Unido pelas más condições de saúde mental em que se encontrava.

Fundado em 2006, o site publica informações e documentos relevantes para o interesse público sobre assuntos sensíveis, mas que estão sendo mantidos em confidencialidade. No momento, Assange enfrenta acusações do governo dos Estados Unidos por ter tornado públicos os documentos do exército norte-americano sobre seus crimes de guerra e abusos contra os direitos humanos no Iraque e no Afeganistão. 

As autoridades norte-americanas querem condenar Assange argumentando que suas ações no WikiLeaks prejudicaram a segurança nacional dos EUA, colocando em perigo a vida de agentes norte-americanos.

Acusado por ter revelado 250 mil documentos militares e diplomáticos confidenciais, Assange enfrenta 18 acusações baseadas na Lei de Espionagem dos EUA. Se condenado, pode pegar até 175 anos de prisão.

(*) Com Agência Brasil e Sputnik