ataque ao mst

Câmara dos Deputados aprova PL que pune pessoas que ocuparem terras

Texto propõe que condenados por 'invasão de propriedade urbana ou rural' sejam proibidos de receber auxílios federais

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Deputados na sessão desta terça-feira na Câmara dos Deputados - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (21) um projeto que pune pessoas que participem de ocupações no país. O projeto de lei (PL) 709/2023, de autoria do deputado Marcos Pollon (PL-MS), propõe que condenados por "invasão de propriedade urbana ou rural" sejam proibidos de receber auxílios, benefícios e de participar de outros programas do governo federal, bem como de assumir cargos ou funções públicas. 

O placar da votação foi de 336 a favor e 120 contra a proposta. O texto agora deve tramitar pelo Senado. 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou em 23 de abril o relatório de Ricardo Salles (PL-SP) em favor do PL de Pollon. O placar foi de 38 votos favoráveis e oito contrários.

O ex-ministro do governo Bolsonaro disse, na sessão de aprovação, ver no projeto "pertinência e conveniência" e defendeu a sua aprovação ironizando a atuação política do MST, que ele chamou de "Carnaval Vermelho", em referência ao mês de lutas do movimento, o Abril Vermelho.   

O PL avançou na Casa em um contexto de pressão da extrema direita e da bancada ruralista contra movimentos populares de luta pela terra, notadamente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A bancada ruralista tem feito avançar outros projetos que atacam o direito de militantes pela terra. 

Um deles é o PL 8262/2017, de autoria do ex-deputado André Amaral (Pros-PB), que concede a proprietários rurais o direito de solicitarem o uso de força policial para a retirada de ocupantes de terra de áreas de sua propriedade sem necessidade de ordem judicial, conforme determina a legislação atual. O texto tem parecer favorável do deputado Victor Linhalis (Podemos-ES).

Outra proposta é o PL 4183/2023, de autoria do deputado Coronel Assis (União-MS) com o apoio de outros 23 signatários, que obriga movimentos populares a terem personalidade jurídica para poderem atuar politicamente. A proposta também recebeu voto favorável do relator, Alfredo Gaspar (União-AL), um dos membros titulares da CCJ.

Edição: Thalita Pires