No último domingo, 19 de maio, o evento Parando Cwb, um encontro de jovens e adolescentes ciclistas, foi encerrado sob repressão policial na Praça Abílio de Abreu, conhecida como Pista do Guabi.
O encontro visa reunir crianças e adultos que têm a bicicleta como meio de transporte e paixão. Praticantes de manobras e apreciadores de diferentes cidades do Paraná transformaram a pista em um espaço para troca de conhecimento e formação de amizades.
Imagens do evento que circulam nas redes sociais mostram a guarda municipal dispersando adolescentes com balas de borracha, meninos correndo, mães tentando dialogar com guardas, enquanto crianças demonstram o medo no olhar. Situações assim estão se tornando rotineiras em eventos que reúnem jovens periféricos, evidenciando uma tendência preocupante.
A violência policial, antes comum aos eventos da região central da cidade, está se tornando frequente até mesmo em bairros afastados, como no recente encontro na região. Localizado entre a área nobre de Curitiba e a periferia oculta pelos muros altos dos condomínios, o Guabirotuba abriga realidades desiguais e paralelas. Enquanto uma parte se movimenta, a outra busca se fechar atrás dos portões da discriminação.
Organizado no local adequado e projetado especificamente para a prática de manobras, o evento enfrentou críticas dos moradores locais, que defendem a intervenção policial agressiva. Críticas que se baseiam na alegação de perturbação do sossego ou na manifestação do racismo estrutural dirigido aos grupos que se deslocam da região metropolitana em busca de lazer nos espaços públicos de Curitiba.
A resistência em reconhecer a diversão de moradores da periferia revela uma moral conservadora antiquada, que continua a apoiar o uso da violência como forma de intimidação. Eventos assim contradizem a imagem de uma cidade inteligente, que se orgulha de sua diversidade cultural e da valorização do seu povo. Isso desgasta a confiança na capacidade da segurança pública de lidar com a expressão cultural e as reuniões populares de maneira adequada.
Jovens da região metropolitana são frequentemente retratados de maneira pejorativa, como se fossem rebeldes, cuja única resposta é a violência policial. Essa visão preconceituosa ignora o fato de que sua presença e contribuição são fundamentais para a riqueza cultural da cidade.
O afastamento desses jovens, que já enfrentam desafios significativos no acesso à educação e ao lazer, levanta a questão de quem representará artisticamente, esportivamente e academicamente a capital.
A política curitibana ignora o público, que é usado para definir agendas políticas e, ocasionalmente, receber apenas homenagens superficiais. É frustrante perceber que há um crescente temor de que os encontros culturais sejam extintos pela presença violenta da segurança pública, que falha em dialogar ou em estar preparada para cumprir seu papel social de proteger.