Operação Gedeón

Justiça da Venezuela condena 29 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2020

Operação Gedeón ocorreu em maio de 2020 e foi tentativa frustrada de derrubar o governo de Nicolás Maduro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |
De acordo com o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, a Justiça venezuelana ainda está julgando outros envolvidos com a operação - Juan BARRETO / AFP

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta quarta-feira (22) que o Tribunal Contra o Terrorismo condenou 29 pessoas por tentativa de golpe de Estado no país em 2020. A chamada Operação Gedeón tinha como objetivo derrubar o governo de Nicolás Maduro a partir de ataques em diferentes lugares do país. 

Ao todo, 20 pessoas foram condenadas a 30 anos de prisão por “traição a pátria, conspiração com governo estrangeiro, rebelião, associação, tráfico ilegal de armas de guerra, terrorismo e financiamento do terrorismo”. Outras nove foram condenadas a 21 anos de prisão por “associação e conspiração com governo estrangeiro”.

De acordo com Saab, a Justiça venezuelana ainda está julgando outros envolvidos. Ele afirmou ainda que os julgamentos começam a fechar “um episódio sombrio na história recente do país, quando um grupo de venezuelanos, em coordenação com atores e potências estrangeiras, perpetrou esta operação mercenária de incursão marítima que buscava o assassinato de funcionários do mais alto nível .do Estado venezuelano”.

O procurador também anunciou que foram confiscados todos os bens apreendidos. 

A tentativa de golpe foi realizada em 3 de maio de 2020. Uma lancha com 10 homens armados com fuzis, metralhadoras e uma pistola tentou aportar na praia Macuto, costa do estado de La Guaira, cerca de 50 km da capital Caracas. Segundo o GPS da própria embarcação, a viagem começou na Colômbia. O plano envolvia também ataques por terra. 

As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) conseguiram interceptar e desmobilizar a operação. Seis caminhonetes adaptadas como "tanques de guerra" foram confiscadas, além de uniformes militares, telefones de por satélite, documentos de identificação e ofícios com detalhes sobre o plano.

Entre os presos estava Jorsnars Adolfo Baduel, conhecido como Simon, filho de Raúl Isaías Baduel, ex-Ministro de Defesa venezuelano, durante a presidência de Hugo Chávez. Ele já havia sido detido por participar de outros planos para desestabilizar o país.

O grupo também contava com ex-militares venezuelanos, colombianos e estadunidenses. Um dos capturados pelas forças de segurança venezuelanas afirma ser agente do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos (DEA).

Entre as apreensões, estavam armas que foram roubadas do Palácio Federal Legislativo na tentativa de tomada da base aérea militar Generalíssimo Francisco de Miranda, na região de La Carlota, leste da Grande Caracas, em 2019.

Outras denúncias

Em janeiro de 2024, o Ministério Público anunciou que foram desmobilizadas 5 tentativas de golpe de Estado durante 2023 que incluíam a morte do presidente, Nicolás Maduro, e do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.  Na ocasião, foram realizadas 32 prisões de pessoas acusadas de conspiração.

Maduro também afirmou em março que ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe e o fundador do partido opositor venezuelano Vontade Popular, Leopoldo López, planejaram “ataques terroristas” contra a Venezuela. Segundo o mandatário, os planos estavam sendo articulados com paramilitares para serem realizados na fronteira com a Colômbia.

Edição: Rodrigo Durão Coelho