Famílias agricultoras, cooperativas, movimentos populares e artistas de todo o estado de São Paulo participam até domingo (26) da Feira Estadual da Reforma Agrária Neusa Paviato, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
O evento começou nesta sexta-feira (24), na cidade de Campinas, na Estação Cultura. O espaço público histórico, que abriga expressões da cultura popular, eventos e encontros, existe há mais de vinte anos e já recebeu diversas iniciativas do MST.
Quem esteve no local no primeiro dia da feira pode ter acesso a uma produção variada, que traduz a diversidade da agricultura familiar e da produção de alimentos saudáveis no estado. De frutas, verduras, legumes e grãos a pescados, bebidas, doces e até artesanato.
A escolha de Campinas, terceira cidade mais populosa de SP, é simbólica e traduz a capilaridade do debate da luta pela terra no estado. Há décadas, acampamentos e assentamentos do MST ampliam o alcance da agricultura familiar na região, mesmo frente a violentas desocupações.
"Para nós é gratificante, porque estamos mostrando que não estamos para brincadeira, chegamos para trabalhar, temos muitos produtos para expandir, basta nos deixarem", afirmou a produtora Cícera Alves Bezerra, do acampamento Marielle Vive. A ocupação, que reúne mais de 450 famílias, está na feira com produtos agroecológicos, plantas, ervas e raízes medicinais e a produção artística em pintura dos jovens da comunidade.
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De outra ponta do estado, a Cooperativa de Pescadores Artesanais de Iguape, leva a produção da pesca artesanal do litoral sul paulista à feira. O diretor da cooperativa, André Luiz Ferreira da Silva, celebra o espaço e a oportunidade de novas parcerias populares que o encontro proporciona.
"Nós temos o objetivo de constituir o primeiro frigorífico para peixes dos pescadores artesanais de toda a região sul do país. Queremos fornecer para a merenda escolar, subsidiar a alimentação dos animais nos assentamentos e estimular que os assentamentos também criem pescados, tanto para segurança alimentar própria quanto para fornecimento."
A programação da feira também traz mais de 20 atrações artísticas e culturais, palestras, debates e gastronomia. Pratos populares e tradicionais, opções veganas, doces, salgados e bebidas alimentam o público com comida de verdade no espaço Culinária da Terra.
A partir das 9h da manhã deste sábado (25), o MST vai realizar um ato para denunciar o avanço do agronegócio contra os territórios da reforma agrária no estado de São Paulo. A manifestação política e cultural vai tratar das perspectivas e desafios da luta pela terra.
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Delwek Matheus, do Setor de Produção da Direção Estadual do MST em São Paulo, afirma que a realização da feira abre espaço para articulação e diálogo entre famílias camponesas e sociedade.
"Este é o momento de divulgar a Reforma Agrária Popular. É o momento de falar da alimentação saudável, do compromisso com a questão ambiental, e é o momento da gente fazer uma boa articulação com a sociedade em defesa da Reforma Agrária."
Também no sábado, a partir das 15h, será realizado o seminário "As potencialidades das Agroecologia e da Agrofloresta para produção de alimentos saudáveis". No domingo, às 9h da manhã está marcada a Conferência "Crise Climática e Reforma Agrária Popular".
Edição: Nicolau Soares