Consequências

Gripe, diarreia, dengue e leptospirose são as doenças mais comuns nos hospitais de campanha do RS

Ministério da Saúde, que atua desde o dia 5 de maio no estado, amplia UTIs e monta unidade hospitalar em Novo Hamburgo

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Hospitais de Campanha com leitos de UTI foram instalados nas áreas atingidas - Foto: Exército Brasileiro

A situação de saúde das pessoas que estão nas áreas atingidas pelas enchentes e enxurradas no mês de maio no Rio Grande do Sul é uma das preocupações das autoridades. Casos de leptospirose em elevação, aumento dos quadros de infecção respiratória pela aproximação do inverno, dengue e doenças gastrointestinais estão entre as ocorrências mais frequentes nos hospitais de campanha da Força Nacional do SUS.

O Ministério da Saúde enviou cinco leitos de UTIs para os hospitais de campanha que foram montados em Canoas, Porto Alegre e São Leopoldo, além do hospital de campanha de Novo Hamburgo, que começa a funcionar nesta semana.

Os leitos de UTI são compostos por camas hospitalares, ventiladores pulmonares, monitores multiparamétricos, bombas de infusão volumétrica e suportes para bombas. Os equipamentos já estão em Porto Alegre, e a previsão é chegar nos próximos dias aos três hospitais de campanha em funcionamento.

Segundo a coordenadora das ações da Força Nacional do SUS e do Hospital de Campanha de Canoas, Juliana Lima, os novos leitos de UTI serão importantes para garantir a segurança dos profissionais e dos pacientes que necessitam do manejo e de cuidados críticos. "Vamos poder garantir o cuidado integral e a assistência continuada de forma segura, conseguindo manter por um maior tempo esse paciente conosco até que surja uma vaga para um tratamento definitivo", afirmou em nota do Ministério da Saúde.

Para o Hospital de Campanha de Novo Hamburgo, serão enviados seis médicos, três enfermeiros e técnicos de enfermagem para prestar atendimento 24 horas por dia. O local tem capacidade para realizar entre 150 e 200 atendimentos diários.


Hospital de Campanha da Força Nacional do SUS, montado na Ulbra, em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre / Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Atendimentos

A Força Nacional do SUS, desde o dia 5 de maio, realizou cerca de 5,8 mil atendimentos no Rio Grande do Sul, em resposta aos impactos das severas enchentes na região. O hospital de campanha de Canoas registrou 2,8 mil atendimentos, enquanto a unidade de Porto Alegre contabilizou 970 e, na unidade de São Leopoldo, foram 221 atendimentos. O novo hospital de campanha de Novo Hamburgo terá capacidade para realizar entre 150 e 200 atendimentos diários. Além disso, as equipes móveis também atenderam 1,6 mil pessoas, realizaram 60 remoções aéreas e 192 atendimentos psicossociais.

Ainda segundo a coordenação da Força Nacional do SUS, a principal demanda são as Síndromes Respiratórias (SRs). Os atendimentos para essas doenças (síndrome gripal, pneumonia, resfriado) representam um quarto dos atendimentos. Esse quadro já era esperado para o período de entrada do inverno na região.

Em seguida, vêm os casos gastrointestinais (diarreia), que representam cerca de 7% dos atendimentos, seguidos pelas ocorrências suspeitas de dengue, com 5%. Os casos suspeitos de leptospirose representam cerca de 2% dos atendimentos, sendo uma das doenças em tendência de crescimento, algo esperado devido ao contato das pessoas com água e lama contaminada com urina de ratos.

Prevenção

O Ministério da Saúde também reforçou a frente de prevenção contra a Influenza (gripe) no Rio Grande do Sul. Na próxima semana, o governo federal começa a destinar recursos para os municípios que enviaram planos de controle da doença. Ao todo, serão investidos R$ 53 milhões.

Em outra esfera, a pasta aguarda a finalização do planejamento da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul para o envio de mais 600 mil doses da vacina contra a gripe. No início de maio, o ministério enviou 400 mil doses do imunizante para o estado.

As secretarias de Saúde dos municípios gaúchos estão disponibilizando vacinas nos mais de 700 abrigos montados. O secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço de Oliveira, ressalta que a vacinação é fundamental para que a população esteja protegida e a atenção ficou maior sobre a doença após a queda das temperaturas no estado. "As vacinas chegaram, e estamos mantendo o abastecimento", afirmou em nota do ministério.

As doenças de transmissão respiratória são agravadas em ambientes fechados e com maior número de pessoas. Mesmo aquelas que estão em casa podem adoecer, mas o alerta maior é para a população que está em abrigos.

Leptospirose

A Força Nacional do SUS monitora ainda o aumento de casos suspeitos de leptospirose no Rio Grande do Sul. De acordo com a FN, a população deve buscar atendimento médico logo nos primeiros sinais da doença. Pacientes que tenham tido contato com água parada ou lama das enchentes, inclusive no processo de limpeza dos ambientes, e apresentem febre, dores musculares, dor de cabeça ou mesmo sintomas semelhantes à gripe, devem buscar atendimento médico em qualquer ponto da rede de atenção à saúde, incluindo os hospitais de campanha da Força Nacional do SUS.

Conforme os técnicos, o tratamento deve ser iniciado no momento da suspeita clínica, não necessitando aguardar a confirmação dos resultados laboratoriais. É importante considerar que pode haver casos em municípios que não sofreram com as chuvas, pois muitas famílias se abrigaram em casas de familiares ou amigos em municípios vizinhos. Portanto, todos os agentes públicos devem estar sensíveis e buscar informações da origem do local de residência do paciente.

O Ministério da Saúde entregou 400 testes de leptospirose ao governo do Rio Grande do Sul. O insumo será usado na vigilância da doença.

Segundo o balanço do último sábado (25), atualizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul às 18h, o número de municípios afetados no estado é de 469. São 55.791 pessoas em abrigos, 581.638 desalojados e 2,34 milhões de pessoas afetadas. Nas últimas 24 horas, houve o registro de três novos óbitos, elevando o número para 166 mortes. Há 806 feridos e 61 desaparecidos.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko