A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) completou 60 anos nesta terça-feira (28). A organização foi fundada em 1964 e pretendia ser a única representante legítima do povo palestino, que luta por independência diante de Israel.
A OLP faz aniversário no mesmo dia em que novos países da Europa reconheceram oficialmente o Estado da Palestina. Espanha, Irlanda e Noruega acreditam que a existência de dois estados - israelense e palestino - é a única solução para o conflito na Faixa de Gaza que já deixou milhares de mortos.
A luta da OLP é antiga e tem na sua história de criação uma influência dos países árabes, conta o cientista político Marcelo Buzetto, que é autor do livro A questão palestina: guerra, política e relações internacionais (Expressão Popular).
"A OLP foi talvez a mais importante experiência de unidade dos povos árabes na luta contra o colonialismo. Seu primeiro congresso vai ser em Jerusalém, um congresso clandestino, onde é eleito para presidente Ahmed Shukairi. Ela nasceu com o apoio da Liga Árabe. Então ela nasceu tendo uma certa dependência tanto financeira como política da Liga", relembra Buzetto.
"Agora o contexto em que surge a OLP é o contexto de crescimento do nacionalismo árabe, principalmente depois da vitória da revolução egípcia em 1952 e da construção de um governo entre 1956 e 1970, um governo que teve na sua liderança o Gamal Abdel Nasser. O presidente Nasser impulsionou os movimentos de libertação nacional e deu um grande apoio à Palestina. Ajudou o movimento nacionalista árabe e ajudou as organizações palestinas."
Segundo Buzetto, por causa disso, a organização política inicialmente ficou muito amarrada às decisões dos países árabes. Porém, isso começou a mudar a partir de 1969, com a eleição de Yasser Arafat para presidente.
"De 69 a 88, eu diria que a OLP foi em expansão, projetou a luta do povo palestino em nível internacional. Várias organizações e partidos palestinos vão se integrar à OLP. Ela vai reunir cerca de 11 partidos políticos palestinos de todas as tendências, nacionalistas, árabes, nasseristas, socialistas, comunistas… vai ser uma grande frente política anticolonialista e anti-imperialista", contextualiza.
A organização perde força com os acordos de Oslo, em 1993 e 1994, explica o cientista político. Fundado próximo desse período em ampla revolta palestina contra ocupação israelense em seus territórios, o Hamas - Movimento de Resistência Islâmica - acaba se distanciando da organização, que é laica, por esta abandonar a luta armada e optar pelo caminho do diálogo.
Desta forma, o Hamas ganha destaque anos depois, mas com o mesmo objetivo da OLP. "O Hamas se consolida de fato como a principal organização da vanguarda da luta de libertação nacional após 2006. O Hamas vai assumir um protagonismo, mas não só o Hamas. Outras organizações também, como a Frente Popular e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina."
"Elas estão na OLP e estão lutando contra o colonialismo israelense, só que surgem duas outras organizações muito fortes por fora da OLP, que é o Hamas e a Jihad Islâmica, que tem uma ligação muito forte com o Irã. Houve tentativas de acordos para que Hamas e Jihad Islâmica entrassem para a OLP, mas esses acordos infelizmente não tiveram muito êxito", expõe.
"A OLP perdeu força, mas eu acho que fica como um exemplo histórico de unidade que, no passado, teve muita relevância para o povo palestino. E quem sabe agora, com tudo o que está acontecendo em Gaza, se cria uma condição favorável para que os palestinos se unam talvez de novo numa única organização, uma única frente de libertação nacional."
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta terça-feira (28) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Nicolau Soares