"O nosso povo não vai desaparecer. E nós emergiremos do exílio, dos escombros e das cinzas para dizer não à ocupação, não às prisões e não ao genocídio. Sim a uma vida digna e livre. Basta! Palestina livre!". A afirmação é do embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que participou da sessão solene "Em memória da Nakba: Contra o Genocídio do Povo Palestino", realizada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) na segunda-feira (27).
O encontro foi convocado e mediado pelo deputado distrital Gabriel Magno (PT) com o objetivo manter o debate público sobre a data histórica e manifestar apoio à causa palestina na luta contra a invasão territorial e a limpeza étnica num processo considerado genocida.
A homenagem ocorre na semana seguinte aos 76 anos da Nakba, palavra árabe que significa "catástrofe" ou "desastre" e se refere ao êxodo palestino de 1948, quando mais de 750 mil pessoas foram expulsas do território de origem para dar lugar à fundação do Estado de Israel.
No domingo (26), véspera do evento na CLDF, Israel bombardeou um campo de refugiados palestinos na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Foram pelo menos 45 mortos, incluindo crianças, mulheres e idosos. O atentado sionista desrespeitou uma decisão emitida pela Corte Internacional de Justiça.
O encontro na Câmara Legislativa contou com representantes da comunidade palestina no Brasil, embaixadores e diplomatas de diversos países, políticos e ativistas que destacaram os desafios enfrentados pelo povo palestino ao longo das últimas décadas, incluindo segregação, dificuldades econômicas, escassez de recursos básicos e a constante presença militar israelense nos territórios ocupados.
"Para nós é muito importante estar aqui no parlamento da capital do país, ocupando mais uma vez esse espaço para denunciar o que acontece hoje na Palestina, em especial na faixa de Gaza e em Rafah nesse momento, quando o Estado de Israel descumpriu uma recente decisão do Tribunal de Haia e prestar solidariedade às vítimas do ataque neste fim de semana com mais vítimas inocentes", destacou Gabriel Magno.
Mais de 35 mil mortes
Durante sua fala, o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, ressaltou dados chocantes desde o início do novo patamar do conflito iniciado em 7 de outubro do ano passado. Segundo ele, já são 35.903 mártires (vítimas de assassinato por razões políticas), 80.420 feridos e 10 mil desaparecidos.
"Possivelmente já aumentou. São 5 mil detidos somente em Gaza, que devem se somar a outros 5.200 que já estavam nos cárceres de Israel, além de 6 mil detidos na Cisjordânia. Com isso, são mais de 16 mil presos políticos nos carceres israelenses. Desse total, 493 mortes de profissionais da saúde e da defesa civil são 69. São também com 147 jornalistas mortos, e quero prestar solidariedade também a todos os jornalistas valorosos que transmitem essa dor e conseguem usar alguns meios para denunciar este genocídio. São 17 mil crianças mortas, crianças que eram esperança de ter um futuro próspero".
Albazen afirmou também que o povo da Palestina paga um preço insuportável durante sete décadas. "E continuamos a pagar com sangue e uma longa guerra de desgaste. Os inimigos da humanidade querem que o povo palestino se renda, que renunciem seus direitos de identidade nacional. fizeram uma guerra de genocídio".
Sionismo
A secretária de juventude da Federação Árabe Palestina (Fepal) e diretora de Políticas Educacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Maynara Nafe, destacou que são 76 anos pedindo respeito à resolução 194 da Organização das Nações Unidas (ONU), que tinha como objetivo terminar a guerra Árabe Israelense ainda em 1948.
"O que nós vimos ontem [domingo] escancarou a verdadeira face de Israel, é o mais puro sionismo, uma 'luta' colonial que busca dizimar um povo e busca ocupar uma terra sobre preceitos e justificativas infundadas", disse Nafe, que divulgou também o abaixo-assinado da Fepal que pede o rompimento das relações comerciais do Brasil com Israel.
"A causa do povo palestino é uma luta da classe trabalhadora no seu conjunto. É fundamental que nesse momento em que o genocídio que está sendo praticado por Israel seja parado, denunciado. Mas isso só acontece se nós construirmos a unidade da classe trabalhadora. O genocídio que Israel está cometendo é fruto de um sistema que é incapaz de conviver com a humanidade, o sistema capitalista. Nós não podemos falar que a humanidade venceu enquanto o povo palestino estiver sendo massacrado", observou o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), que destacou o aspecto o domínio colonial sionista como um problema estrutural na sociedade, Cleber Soares.
O embaixador de Cuba no Brasil, Adolfo Curbelo Castellanos, falou sobre o papel do imperialismo americano. "Nós queremos lembrar também a responsabilidade moral e material daqueles que hipocritamente falam de paz, mas ao mesmo tempo fornecem armas e bombas que servem para assassinar mulheres e crianças palestinos".
Integrante do Comitê em Solidariedade à Palestina no DF, Pedro César Batista reforçou que "a entidade sionista não existe sozinha, ela realiza um papel semelhante ao que o fascismo cumpre aqui no Brasil e o Marrocos contra povo Saarauí. Os Estados Unidos financiam bombas que matam crianças em Rafah, que impõe o bloqueio contra Cuba e que patrocina a ocupação marroquina no Saara Ocidental", disse.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Márcia Silva