O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou novamente o tom contra o genocídio de palestino na Faixa de Gaza conduzido por Israel e retirou de forma definitiva o embaixador brasileiro no país. O governo brasileiro não indicou substituto e a embaixada será liderada pelo chefe de negócios, em sinal claro da redução de importância que as relações com Israel passam a ter para o Brasil.
Em decreto de terça-feira (28) publicado no Diário Oficial da União (DOU), Lula removeu o embaixador Frederico Salomão Duque Estrada Meyer da Embaixada do Brasil em Tel Aviv para exercer o cargo de representante especial do Brasil junto à Conferência do Desarmamento em Genebra, Suiça.
A decisão do presidente brasileiro ocorre em meio ao aumento da pressão internacional contra a ofensiva militar de Israel em Rafah. No domingo (26), bombardeio israelense ao campo de refugiados montado na cidade deixou crianças, mulheres e idosos carbonizados, pelo menos 45 mortos e mais de 200 feridos.
O ataque desrespeitou decisão emitida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) e gerou indignação internacional. O governo do México anunciou na terça-feira (28) que apresentou um pedido formal para fazer parte da ação que tramita na CIJ, na qual o Estado de Israel é acusado de cometer um genocídio contra a população palestina residente na Faixa de Gaza.
O processo foi iniciado em janeiro deste ano por iniciativa da África do Sul e afirma que a ação militar iniciada em outubro passado pelo governo sionista de Benjamin Netanyahu, que já causou a morte de mais de 36 mil civis palestinos, configura violação da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, documento que Israel assinou e, portanto, se comprometeu a respeitar.
Estado palestino
Na última quinta-feira (23), o presidente Lula classificou como "histórica", a decisão de Espanha, Irlanda e Noruega reconhecerem o Estado palestino, decisão que ele considerou positiva para impulsionar os "esforços" de paz no Oriente Médio.
"A decisão conjunta de Espanha, Noruega e Irlanda de reconhecer a Palestina como um Estado é histórica por duas razões. Faz justiça em relação ao pleito de todo um povo, reconhecido por mais de 140 países, por seu direito à autodeterminação", escreveu Lula no X.
"Além disso, essa decisão terá efeito positivo em apoio aos esforços por paz e estabilidade na região. Isso só ocorrerá quando for garantida a existência de um Estado Palestino independente", acrescentou.
O presidente lembrou, ainda, que o Brasil foi "um dos primeiros países na América Latina" a reconhecer o Estado palestino, em uma decisão que logo foi seguida por outras nações da região. O reconhecimento ocorreu em 2010, durante o segundo mandato de Lula.
Em visita ao Brasil no início de março, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, defendeu, ao lado de Lula, a criação de um Estado palestino como necessário para um acordo de paz na região.
Edição: Leandro Melito