Terminou nesta quarta-feira (29), em Brasília, o Seminário Anual de Planejamento da Rede Sindical Amazônica (RSA). O grupo surgiu em 2020 no contexto das queimadas e desmatamento durante o governo Bolsonaro. A organização representa sindicatos de trabalhadores do setor da madeira nos oitos países que compõem a Amazônia Legal.
Além de atuar pela defesa e garantia de direitos dos profissionais da área e pela preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia, a RSA busca a valorização do preço da madeira que também é comercializada fora do Brasil, explica Nilton Freitas, representante regional da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) na América Latina.
"A rede é internacional, participam sindicatos de todos os países da região amazônica. Isso é importante pra gente porque a ideia é que a cadeia de valor da madeira que sai da região amazônica, por exemplo, para várias regiões do Brasil, para outras partes do mundo, o valor local seja mais reconhecido, para que existam melhores condições de trabalho, salários mais dignos para os trabalhadores e trabalhadoras que vivem na região amazônica, como uma forma de enfrentar a pobreza que existe na região", diz.
"A madeira, às vezes, sai muito barata do Brasil, tem um grande valor agregado na sua ponta do consumo. E a nossa ideia é equilibrar mais essa cadeia de valor da madeira em benefício dos amazônidas, das pessoas que vivem na região."
A programação de três dias do Seminário Anual de Planejamento da Rede Sindical Amazônica foi pautada em cima da discussão e reforço sobre esses principais temas. E denúncias foram feitas.
"As condições de trabalho que são relatadas pelos sindicatos que estão lá na Amazônia são situações muito duras. A informalidade é muito ampla, as pessoas trabalham sem proteção social nenhuma, o índice de acidentes graves ou fatais e também de doenças relacionadas ao trabalho é bastante alto também, de acordo com os relatos", pontua Nilton.
"A ausência do Estado, a ausência da fiscalização do trabalho, da ação do Ministério Público do Trabalho também é chocante, porque tem regiões que mencionam nos sindicatos que tem cinco anos que não recebem visita de um fiscal do trabalho. O desrespeito de maus empregadores aos sindicatos também é enorme. Tem sindicatos há vários anos sem uma convenção coletiva de trabalho que garanta a aplicação da lei e garanta a extensão de outros benefícios. A demanda que sai daqui é para as autoridades. Então, recebam essas essas denúncias e tomem ações", cobra o representante da ICM.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quarta-feira (29) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Nicolau Soares