Orgulho

Marcha Trans leva discurso político, música e cobrança ao STF às ruas de SP

Evento ocorreu na sexta (31 de maio), no Centro da capital, com o tema “Renascença de Gênero”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ativistas pedem ao STF que permita que pessoas trans usem o banheiro do gênero com o qual se identificam. - André Nery/ Diadorim

Centenas de pessoas participaram, na última sexta-feira (31 mai.), da sétima edição da Marcha do Orgulho Trans, no Centro de São Paulo. O evento, que antecede a Parada do Orgulho LGBT+, ocupou o Largo do Arouche e ruas do entorno com música, ativismo e manifestações em defesa dos direitos de pessoas trans, travestis e não-binárias.

Neste ano, a organização escolheu como tema “Renascença de Gênero”, numa celebração às diferentes identidades de gênero na sociedade. Entre as reivindicações, estavam cartazes pedindo ao STF (Supremo Tribunal Federal) que permita que pessoas trans usem o banheiro do gênero com o qual se identificam.


Caminhada passou por ruas do Centro da cidade. / André Nery/ Diadorim

A Marcha começou a se concentrar às 10h, com um ato religioso, discursos políticos e apresentação de DJs e do Bloco Feminista. Às 16h, o grupo saiu em caminhada, num trajeto que passou pelas avenidas São João e Ipiranga, Praça da República, Rua Vieira de Carvalho e retornou ao Arouche. O bloco afro Ilú Obá de Min tocou durante todo o percurso.

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Atendendo a um pedido feito nas redes sociais pela organização da Marcha do Orgulho Trans, muitos participantes foram ao evento usando camisas da seleção brasileira – uma alusão ao figurino da cantora Madonna em show no Rio de Janeiro, no início de maio.

Política

A Marcha contou também com a presença de autoridades políticas, como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a codeputada estadual de São Paulo Carolina Iara (PSOL-SP), o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) e a vereadora de Niterói (RJ) Benny Briolly (PSOL-RJ).

“Eu vivo com HIV há mais de dez anos. Tenho orgulho sim e não me escondo em armário nenhum para falar que eu vivo com HIV, porque foi o movimento de Aids que construiu o movimento LGBTQIA+. Também não adianta esconder a gente”, discursou Carolina Iara, que é pré-candidata à Câmara de São Paulo. “Nós juntas temos que lutar por nossa saúde, sim, por nosso acesso a emprego, por nosso acesso à educação.”


O bloco afro Ilú Obá de Min tocou durante todo o percurso da Marcha do Orgulho Trans. / André Nery/ Diadorim

Primeira travesti eleita parlamentar no estado do Rio de Janeiro, Benny Briolly defendeu “um compromisso e um pacto com a sociedade brasileira” para se fazer a “renascença de gênero” no país. “Isso significa fazer a reconstrução da democracia, fazer com que a democracia chegue nas esquinas, nos guetos, nas ruas, nas vielas, onde ela não chegou”, explicou. “Quando a gente fala de renascença, estamos falando de um país onde os corpos das pessoas trans façam de fato parte da construção de um projeto político.”

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Chamada de “presidenta” pelo público, Erika Hilton celebrou a “noite de luta, de festa e de ocupação do espaço público” ao falar no final da caminhada. “Hoje as cores de nossa bandeira se juntam também com as cores do verde e amarelo, para lembrar a essa gente cafona, nefasta e horrorosa que o Brasil também é de bicha, de viado, de sapatão, de homens trans, de travestis, de não-bináries.”

À noite, de volta ao Largo do Arouche, a Marcha foi encerrada com shows de Jaloo e Majur.

*Cobertura feita em parceria com o Brasil de Fato.

Edição: José Eduardo Bernardes