A Casa de Referência da Mulher Rose Nunes está enfrentando um pedido de reintegração de posse e continua lutando pelo direito de manter um espaço de apoio a mulheres vítimas de violência.
Na intenção de trazer visibilidade para a causa e para a luta das mulheres, as organizadoras da ocupação estão espalhando faixas e cartazes pela cidade.
“A gente se reúne para fazer a arte, a escrita e pintar a faixa e colocá-las nos pontos onde terão visibilidade para a população conhecer o espaço”, diz Pietra Comelli, membro do Movimento Olga Benário, que organiza a Ocupação. “É uma forma política de criticar o estado que violenta nossos direitos diariamente”, afirma.
A casa recebe apoio semanal e doações que ajudam a manter seu funcionamento e criar um local humanizado de acolhimento. Além disso, organiza eventos e oficinas para a geração de renda, terapias, arte e rodas de conversa.
Na rede de atendimento da Casa Rose Nunes são mais de 20 mulheres atendidas. “Da semana passada para cá surgiram duas novas mulheres buscando atendimento”, informa Pietra.
Pedido de reintegração de posse
Em 24 de abril, o juiz responsável pelo caso decidiu pela reintegração de posse da Ocupação de Mulheres Rose Nunes. No entanto, a assessoria jurídica recorreu e protocolou um agravo de instrumento no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
A decisão do julgamento saiu na última segunda-feira (3) negando o pedido de revogação da liminar de reintegração.
Luana Miranda, representante jurídica da Casa, afirmou que os fatos apresentados foram ignorados e a Sociedade de Pediatria do Paraná, proprietária do imóvel, desvirtuou os fatos durante o processo.
“Infelizmente, a Sociedade de Pediatria do Paraná está colocando uma mancha em sua história, pela postura totalmente incongruente frente à realidade curitibana. Iremos agravar e recorrer ao STJ”, afirma Luana Miranda.
Com a reintegração iminente e a probabilidade de reforço policial, a Casa Rose Nunes entrará em contato com o Ministério Público para que acompanhe o caso, visto que há mulheres em situação de vulnerabilidade abrigadas na ocupação.
“O cenário é de total descaso do judiciário, do poder público e da Sociedade de Pediatria do Paraná, que em momento algum se dispôs a entender a situação dessas mulheres, mesmo se tratando de um imóvel que está inutilizado há dez anos”, diz ela.