MEIO AMBIENTE

MST realiza plantio de árvores em ocupação que enfrenta ação judicial de reintegração de posse em Patos (PB) 

Ato integra a luta pela Reforma Agrária Popular com ações de enfrentamento à crise ambiental

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Durante evento desta quinta (6), crianças sem terra escreveram cartas para o povo do Rio Grande do Sul - Foto: Carla Batista, Comunicação MST/PB

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou, nesta quinta-feira (6), uma série de atividades no acampamento Aldecy Viturino, situado na área abandonada da Estação Experimental da Embrapa, na cidade de Patos, na Paraíba, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A iniciativa faz parte da Jornada Nacional em Defesa da Natureza e de Seus Povos, que ocorre em todo o país até este sábado (8).

Durante todo o dia, o acampamento Aldecy Viturino realizou diversas atividades, incluindo o plantio de árvores, uma produção de cartas pelas crianças sem terra para o povo do Rio Grande do Sul, o embelezamento do local e debates. Vale ressaltar que essa ação também tem um caráter de denúncia, uma vez que o acampamento enfrenta uma ação judicial de reintegração de posse, emitida na 14ª Vara Federal da Paraíba. 

Escola Estadual de Ensino Fundamental Renê Alves Ramalho, no Assentamento Nova Vida I, em Sousa
e Escola Paulo Freire no Assentamento Oziel Pereira 

O principal objetivo do evento é reforçar a integração da luta pela Reforma Agrária Popular com ações de enfrentamento à crise ambiental, que tem impactado significativamente a vida das pessoas, como evidenciado pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul. O MST enfatiza que a solidariedade também se manifesta através da luta, e nesta linha, denuncia os responsáveis pela crise ambiental, apontando a Reforma Agrária Popular como uma solução necessária e urgente para superar não só essa, mas outras crises do sistema capitalista.

Fotos: Escola Estadual de Ensino Fundamental Renê Alves Ramalho, no Assentamento Nova Vida I, em Sousa
e Escola Paulo Freire no Assentamento Oziel Pereira

Acampamento Aldecy Viturino 

O acampamento Aldecy Viturino foi estabelecido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da Paraíba (MST-PB) na madrugada do dia 19 de abril de 2024. Com a ocupação pacífica e organizada de 107 famílias, o MST reivindicou de forma legítima o terreno da unidade da Embrapa no município de Patos/PB. A área estava abandonada desde 2017 e era utilizada para criação de gado pelos fazendeiros locais. Desde então, as famílias têm transformado a área, realizando limpeza dos galpões e estabelecendo roçados coletivos com o plantio de diversos alimentos.

O MST convocou o presidente nacional do INCRA para negociação, visando a regularização da área e a garantia do direito à terra para as famílias acampadas. Essa área pública, anteriormente subutilizada pela instituição de pesquisa, foi escolhida para a construção do acampamento como forma de pressionar o Estado a vistoriar terras improdutivas que não cumprem sua função social na região.

Essa não é a primeira vez que o espaço é ocupado pelo MST. Em 2017 ocorreu a primeira ocupação com a participação de 40 famílias que foram posteriormente despejadas e tiveram suas plantações destruídas. Após seis anos, a área continua abandonada com gado solto e apenas uma pequena parcela utilizada para plantação de gergelim e algodão mocó.

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Jornada Nacional em Defesa da Natureza e dos Povos na Paraíba

As atividades da Jornada Nacional em Defesa da Natureza e dos Povos na Paraíba seguem até o dia 8 de junho, com uma série de ações em escolas dos assentamentos, revitalização de nascentes, embelezamento, plantio e distribuição de árvores, e debates. Essas atividades seguem o calendário do Plano Nacional "Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis" do MST, que busca intensificar a recuperação ambiental e a produção de alimentos saudáveis, com a meta de plantar 100 milhões de árvores até 2030. Além disso, a jornada potencializa a realização da Jornada Nacional da Juventude Sem Terra nos territórios.

Agroecologia como Caminho para Salvar a Natureza 

O MST destaca a agroecologia como a única saída para a crise climática, posicionando-se contra o agronegócio e em defesa da vida, da saúde, da proteção ao ambiente e da soberania alimentar. Enfatiza a importância da diversificação das culturas, da integração entre agricultura e natureza e da promoção de práticas sustentáveis.

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Impacto das Chuvas nas Áreas do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul foi severamente afetado pelas chuvas, com registros de enchentes que causaram danos consideráveis à população. No total, 420 famílias Sem Terra assentadas foram afetadas, com perda de produção de alimentos, estruturas danificadas e prejuízos materiais. As áreas de produção agrícola também foram atingidas, resultando em grandes perdas para as famílias agricultoras.

Responsabilidade Ambiental e Crise Climática

O MST destaca que a crise ambiental não é resultado de ações individuais, mas sim do modo de produção capitalista, que explora os recursos naturais de forma descontrolada e irresponsável. A organização ressalta a necessidade de responsabilizar os setores responsáveis pela degradação ambiental e defender alternativas sustentáveis e justas para garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das comunidades.

Com texto de Carla Batista

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Cida Alves