A Vale foi incluída nesta quinta-feira (6) no relatório de empregadores que exploram trabalho análogo à escravidão, elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), conhecida como "lista suja". A empresa, porém, afirma que a inclusão foi feita de forma "incorreta".
A mais recente atualização da lista inclui a mineradora por conta de um episódio registrado em 2015, quando 309 pessoas foram resgatadas na Mina do Pico, em Itabirito (MG). As vítimas eram motoristas de uma empresa terceirizada que trabalhavam para a Vale transportando minério.
A inclusão da mineradora na lista foi noticiada pelo jornalista Leonardo Sakamoto, do Uol e da Repórter Brasil. A equipe de trabalho de Sakamoto acompanhou o caso na época em que aconteceu. Foram encontrados banheiros em condições tão insalubres que os trabalhadores eram obrigados a fazer suas necessidades na estrada.
Entre os episódios registrado pela repórter Ana Aranha estava o de um motorista que trabalhou por 23 horas, tendo um intervalo de apenas 40 minutos nesse período. Outro teve uma escala de trabalho de 29 dias consecutivos, sem folga, entre 14 de dezembro e 11 de janeiro (ou seja, incluindo os feriados de Natal e Ano Novo). Quem denunciava as condições era ameaçado.
A Vale alega que a inclusão não é correta devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), publicada no último dia 9 de maio, reconhecendo a "impossibilidade de manutenção dos autos de infração lavrados durante a fiscalização do Ministério do Trabalho em 2015". A empresa afirmou ainda que, após o registro do caso, rompeu o contrato com a terceirizada.
"A companhia reitera seu compromisso com a ética, a transparência e a responsabilidade social, e continuará a colaborar ativamente com as autoridades competentes para esclarecer e resolver quaisquer questões relacionadas a esse tema", apontou a empresa.
Edição: Geisa Marques