Representantes de cerca de 190 países estão reunidos na cidade alemã de Bonn para a SB60, um evento preparatório para a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que acontece em novembro, na capital do Azerbaijão, Baku. Os debates têm o objetivo de ajudar a definir os valores que cada país deve aplicar no combate às crises climáticas.
Os negociadores técnicos que participam do evento tentam dar forma à Nova Meta Quantificada Global de finanças, conhecida pela sigla em inglês NCQG, que deve ser assinada durante a COP29 – encontro com caráter mais político.
O Brasil enviou à Alemanha integrantes e porta-vozes de diversas organizações, como o Observatório do Clima, a Rede de Cooperação Amazônica e o Geledés Instituto da Mulher Negra, além dos escritórios do Greenpeace e da WWF no país.
No encontro, que começou nesta semana e vai até a próxima quinta-feira (13), representantes brasileiros chamam atenção para as enchentes no Rio Grande do Sul, que são mais um episódio de alerta para as consequências das mudanças climáticas para os países em desenvolvimento.
Um dos representantes brasileiros no evento, o gerente de Natureza do Instituto Alana, JP Amaral, disse ao Brasil de Fato que os últimos grandes eventos internacionais sobre o clima quase sempre acontecem enquanto desastres climáticos atingem diferentes partes do mundo – e não é coincidência. Como consequência, os debates ficam mais tensos.
"Isso acaba acelerando os debates climáticos pra essa urgência de respostas. Cada vez mais a gente ouve esses países que são impactados colocando a necessidade de urgência, de decisões urgentes, de financiamento urgente, ação climática urgente. Isso acaba tornando a COP, cada vez mais, uma panela de pressão, um lugar de muita visibilidade", destacou.
Integrantes das delegações brasileiras também têm sido mais abordados diante da mudança de rumos nas políticas ambientais desde que Jair Bolsonaro deu lugar a Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da República. Uma das consequências é a COP30, que acontecerá em Belém (PA) em novembro do ano que vem.
"O Brasil sempre ocupou papel importante nas negociações, agora mais ainda com a presidência da COP30. Demorou muito para se definir a presidência da COP29 e o Brasil já era presidente da COP30. Isso acabou trazendo para o Brasil um certo protagonismo estendido. Deu pra ver uma pressão maior, mais assédios em cima do Brasil para que avance nas negociações, para que olhe para novas agendas. O Brasil está muito no holofote", resumiu JP Amaral.
Edição: Thalita Pires