Dezenas de intelectuais, acadêmicos, artistas, representantes de entidades e movimentos populares brasileiros assinaram um manifesto coletivo pela retirada de Cuba da lista compilada pelos Estados Unidos dos países que apoiam o terrorismo. Os países incluídos na "Lista de países patrocinadores do terrorismo", feita pelo departamento de Estado dos EUA, enfrentam duras sanções econômicas e políticas.
Cuba foi incluída na "lista de países patrocinadores do terrorismo" em janeiro de 2021 em meio à crise da covid-19, após ser retirada dela 2015, durante o governo Obama. Essa foi uma das últimas decisões do governo do republicano Donald Trump (2017-2021), nove dias antes de deixar a Casa Branca, como parte de sua política de "pressão máxima".
A inclusão de Cuba na lista ocorreu logo após a campanha internacional que levou milhares de médicos cubanos a países de todo o mundo para combater a pandemia da covid-19. Os EUA justificaram a medida depois que Cuba se recusou a extraditar os líderes guerrilheiros colombianos do ELN, Pablo Tejada e Pablo Beltrán, que haviam viajado a Havana para participar de negociações de paz com o governo colombiano.
Em maio deste ano, o Departamento de Estado dos EUA retirou Cuba de sua lista de países que "não cooperam totalmente com os esforços antiterroristas". "O Departamento de Estado dos EUA anunciou, em 15 de maio deste ano, que incluiu Cuba em seu relatório de 2023 sobre países que cooperam na luta contra o terrorismo. Contudo, Washington não retirou Cuba da lista de países supostamente patrocinadores de terrorismo", diz o manifesto.
O documento é assinado por figuras como os cantores e compositores Chico Buarque e Tom Zé, os atores Osmar Prado e Paulo Betti, os jornalistas Ricardo Kotscho e Chico Pinheiro, políticos como Eduardo Suplicy, entre outros.
"Embora os responsáveis da administração Biden estejam conscientes dos esforços de Cuba na luta contra o terrorismo e pela paz na América Latina, no Caribe e no mundo, a Casa Branca nada fez para eliminar Cuba daquela lista da qual nunca deveria constar."
A carta exige ainda o fim do bloqueio econômico imposto unilateralmente pelos EUA contra Cuba há mais de seis décadas, para "subjugar a heróica ilha caribenha".
"Cuba tem o direito soberano inalienável de abraçar livremente seu próprio sistema econômico, político e social."
Leia o manifesto na íntegra, com os signatários, em ordem alfabética:
Nós, brasileiros e brasileiras profissionais da arte, da cultura e da política, exigimos que os Estados Unidos retirem Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo. Ponham fim ao criminoso bloqueio contra a Ilha.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou, em 15 de maio deste ano, que incluiu Cuba em seu relatório de 2023 sobre países que cooperam na luta contra o terrorismo.
Contudo, Washington não retirou Cuba da lista de países supostamente patrocinadores de terrorismo. Embora os responsáveis da administração Biden estejam conscientes dos esforços de Cuba na luta contra o terrorismo e pela paz na América Latina, no Caribe e no mundo, a Casa Branca nada fez para eliminar Cuba daquela lista da qual nunca deveria constar.
A permanência de Cuba na lista é uma infâmia que dura há tempos, assim como o bloqueio que há mais de 60 anos tenta subjugar a heroica ilha caribenha.
Exigimos que os EUA retirem a designação de Cuba como Estado Patrocinador de Terrorismo e levantem o bloqueio criminoso contra a nação caribenha.
Cuba tem o direito soberano inalienável de abraçar livremente seu próprio sistema econômico, político e social.
Basta de bloqueio contra Cuba!!!
Assinam por ordem alfabética
Ana Miranda - escritora
Antonio Grassi - ator
Breno Altman - jornalista
Cid Benjamin - jornalista
Chico Alencar - professor e parlamentar
Chico Buarque - escritor e compositor
Chico Caruso - caricaturista
Chico Diaz - ator
Chico Pinheiro - jornalista
Eduardo Moreira - empresário e escritor
Eduardo Suplicy - político
Eliana Caruso - professora
Evanize Sydow - jornalista
Fernando Morais - escritor
Frei Betto - escritor
Itala Nandi - doutora em artes cênicas
Ivan Valente - deputado federal
Jamil Chade - jornalista
José de Abreu - diretor e produtor
José Dirceu - advogado e militante político
Juliana Monteiro - jornalista
Ivan Ângelo - escritor
Luiz Ruffato - escritor
Luiza Erundina - deputada federal
Margarida Genevois - presidente de honra da Comissão Arns
Osmar Prado - ator
Pasquale Cipro Neto - professor e escritor
Paulo Betti - ator
Paulo Vannuchi - jornalista
Paloma Amado - cronista
Ricardo Kotscho - jornalista
Roberto Mader - cineasta
Rosa Freire d’Aguiar - jornalista
Tom Zé - cantor e compositor
Walfrido Warde - advogado
Edição: Rodrigo Durão Coelho