SOLIDARIEDADE

Cozinha Comunitária leva esperança à comunidade da Chácara dos Bombeiros, em Porto Alegre

Rosa Helena amplia atuação e leva alimentos para vítimas das enchentes do Lami, do Centro Histórico e de Sarandi

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Cozinha Comunitária Vidas de Luz serve 100 marmitas por vez, em quatro dias por semana - Foto: Arquivo Pessoal

Rosa Helena Cavalheiro Mendes é uma ‘milagrosa’ social. Quem se importaria com a Chácara dos Bombeiros, um enclave no bairro Partenon, em Porto Alegre (RS), na subida do Morro da Polícia, com recheio de moradores do Campo da Tuca, Morro da Cruz, e com uma população simples, cheia de pobreza e vivendo à margem de qualquer espécie de generosidade pública?

Alguma coisa até já foi feita, como a regularização de terrenos, entregas de títulos de posse de terrenos, mas vai ficando por aí. Questões como energia, luz, Internet, ônibus frequentes são ainda complexas. Falta água com regularidade para fazer comida e muito mais para outras necessidades. É muito doloroso morar por lá. Por isso, é preciso fazer ‘milagres’ diários para sair de casa, ir ao trabalho e retornar segura para o seu lar. Tudo é desgastante.

Vendo tudo isso, Rosa decidiu que devia ajudar as pessoas da região. Não podia melhorar a vida de ninguém. Mas conseguiria aliviar. Resolveu fazer comida e distribuir para quem não tinha e não recebia nada para saciar a fome. Primeiro, ela fez uma cozinha familiar, atendendo 10 famílias, depois 35 famílias e foi avançando naquilo que chamava de trabalho social voluntário. Investia dinheiro próprio do seu trabalho profissional – era vendedora/responsável na negociação de produtos cosméticos de uma grande empresa – na compra de alimentos. Pedia ajuda, recebia apoio e foi expandindo a sua atuação, com apoio de senhoras e de jovens da área. Há 15 anos, no segundo governo Lula, se inseriu no Programa Fome Zero. Começou a receber ajuda, mas ainda limitada. “Foi uma boa saída, ganhamos mais fôlego”, diz ela hoje.

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Em agosto de 2020, no auge da pandemia do coronavírus, transformou aquilo que era uma distribuição familiar de alimentos na Cozinha Comunitária Vidas de Luz. “O nome nada tem a ver com igreja, não é religiosa. Reflete apenas nossa vocação social e de algumas pessoas da nossa comunidade. Precisamos levar luz, esperança e carinho para as pessoas. Daí o nome da nossa cozinha. Queremos conduzir estas pessoas para uma vida mais digna e humana”, diz.

Hoje, serve 100 marmitas a cada vez em quatro dias por semana. Arroz, feijão, e mais algum legume ou verdura e carne quando é possível. “Recebemos 13 quilos de carne por mês do Programa de Aquisição de Alimentação do governo federal, volume fixo, o que é muito pouco, mas fazemos isso multiplicar algumas vezes e ampliamos a oferta de carne nas refeições com outras iniciativas e colaborações”, afirma. Atualmente, Rosa é assessora parlamentar, ganha cerca de R$ 2 mil mensais e investe parte do seu dinheiro na compra de comida. “Hoje (11) não conseguimos fazer as marmitas. Faltou água”, lamenta.

Rosa conta que, além de alimentar as pessoas que precisam, no mês de maio ainda distribuiu para vítimas das enchentes. Ela distribuía alimentos através de voluntários que levavam as marmitas para bairros mais afetados, como Lami, Centro Histórico e Sarandi. “A Central Única dos Trabalhadores (CUT) nos ajudou nesta tarefa, doando as marmitas. É assim, com uma força coletiva, que conseguimos, sempre, ampliar o número de pessoas beneficiadas”, garante.

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Com 58 anos no registro oficial, 61 de vida – seu pai demorou três anos para ir ao cartório –, Rosa conta que faz trabalho social e comunitário há 38 anos. Diz que não consegue parar. Sempre está com a mão na massa, olhando para os lados e para a frente para ver quem precisa do seu apoio e estímulo na sua missão de dar comida a quem precisa de esperança para viver. Participa também do Fórum Social das Periferias e do Conselho Municipal de Saúde, “fazendo a minha parte para melhorar a vida dos mais simples”. Para ela, as pessoas precisam ter comida para ter saúde e não ser um estorvo para a sociedade.

Com força e dinamismo, como diz, a Cozinha Comunitária Vidas de Luz não para de pedir apoio. Rosa conta que vem ampliando o seu atendimento, com ajuda da jornalista Nubia Silveira que se encarrega de fazer uma espécie de assessoria de imprensa informal e voluntária, disparando e-mails e WhattsAps pedindo alimentos e até botijões de gás e dinheiro para fazer frente às demandas que não param de crescer. “Tenho esperança que vocês, meus amigos e minhas amigas, se comovam com o trabalho realizado por esta mulher, sempre pronta a ajudar quem precisa. Não só se comovam como se deem conta da importância do trabalho voluntário”, diz Nubia.

Para ajudar a Cozinha Comunitária Vidas de Luz, com qualquer quantia, o PIX é 51 984802169.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko