Trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras anunciaram, nesta terça-feira (11), que pretendem manter a greve iniciada esta semana até que a discussão sobre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) chegue ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). A empresa foi privatizada há exatos dois anos pelo governo então chefiado por Jair Bolsonaro (PL).
A paralisação teve início nesta segunda-feira (10), depois que a maior parte da categoria rejeitou uma proposta final de acordo enviada pela direção da empresa. O movimento conta com forte adesão em diferentes subsidiárias da companhia.
De acordo com o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) e a Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), que representam a categoria, a greve conta, no momento, com cerca de 80% de adesão entre as trabalhadoras e os trabalhadores.
Em Furnas, por exemplo, há paralisação total em 15 estados e no Distrito Federal; na Eletrosul e Eletronorte, a grande maioria das bases tem atividades interrompidas. Enquanto isso, departamentos jurídicos dos sindicatos se articulam para tentar acelerar o dissídio no TST.
O que está em questão
Os trabalhadores denunciam dividendos de R$ 1,29 bilhão pagos a acionistas e altos salários para diretores. Enquanto isso, para o corpo funcional, a empresa propõe a retirada de benefícios históricos, reduções salariais e mudanças nos planos de saúde.
Segundo a categoria, a proposta da empresa abre ainda a possibilidade de demissões em massa, o que poderia colocar em risco o sistema energético brasileiro – um risco que já era apontado antes da privatização. A Eletrobras é responsável por 25% da geração e por 40% da transmissão de energia no país.
Sem negociação
A direção da empresa enviou aos trabalhadores uma proposta às 23h do dia 29 de maio, véspera de Corpus Christi. Segundo as entidades sindicais, não houve tempo para apresentação de contraproposta, já que o acordo venceria no último dia 7.
Segundo os sindicatos, a direção da Eletrobras chegou a acionar a justiça para interromper a greve, mas não obteve sucesso. O Brasil de Fato acionou a assessoria de imprensa da companhia, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Caso haja manifestação, o texto poderá ser atualizado.
Edição: Rodrigo Chagas