A Associação de Senegaleses de Porto Alegre (ASDPOA) montou uma rede de doações em sua sede na Av. Alberto Bins 404, no Centro Histórico da capital gaúcha, para atender imigrantes de diversas nacionalidades.
Ao visitar o local, justamente em um dia em que estavam recebendo doações, o Brasil de Fato conversou com o presidente da associação, Serigne Bamba Touré. Segundo ele, estão recebendo muitas doações de parceiros de longa data e também de instituições que se organizaram e trazem apoio num momento tão complicado.
“Fora as doações, nós agimos rápido e todos aqueles membros de nossa comunidade que não sofreram com as enchentes se dispuseram tanto pra ajudar na parte de moradia solidária como na alimentação.”
Bamba destacou a importância de estarem organizados não somente neste momento de crise. “Existe toda uma estrutura em prol da comunidade e suas inúmeras demandas. Temos uma preocupação com a saúde mental de nossos conterrâneos e a associação tem importância fundamental.”
Ele conta que estão organizados desde 2015 e que o acolhimento ao seu povo impede inúmeros problemas de depressão ou até com algum fim “mais sério”. “Tentamos sempre mostrar a eles quem somos, nossa cultura, nossos valores, e assim os mantendo fortes para enfrentar problemas."
Na tragédia climática a associação foi ágil e tentou verificar todos seus membros atingidos, quem estava desabrigado ou porventura indo para um abrigo, e assim rapidamente trouxe estes para ficarem abrigados na associação. Essa preocupação muito por conta de seus costumes e maneiras serem diferentes.
“Já existe um entendimento sobre como somos vistos e o preconceito que podemos sofrer, receosos disto agimos de forma rápida para não chegarmos a tal situação, algo que não ocorreu com imigrantes de nacionalidades diferentes onde tiveram problemas nos abrigos”, afirmou.
Segundo Bamba, por conta da estrutura a associação acabou por auxiliar outros imigrantes. “Estive conversando com mães haitianas que estavam no abrigo do Centro Vida, levamos para elas leite em pó, fraldas e outras doações. Percebemos que outros grupos de imigrantes não possuem um apoio maior, e assim em alguns casos são jogados a própria sorte, atingidos entre outras coisas pelo racismo e xenofobia. Com os Senegaleses não tivemos nem um caso, fizemos de tudo para evitar.”
Passada a fase dos alagamentos e das pessoas longe de suas casas, se inicia o retorno, um momento não menos crítico onde muitos perderam tudo ou quase tudo, existem aqueles que tinham negócios e também terão de iniciar do zero.
“Chegamos a ter fixo na associação cerca de 30 pessoas, mas hoje mesmo passado o momento mais crítico, ainda temos pessoas que vêm até nós para se alimentar, estão sem fogão, sem geladeira em suas casas. Seguimos apoiando. Temos um senso de comunidade muito grande inclusive para nossos irmãos que tinham pequenos negócios", enfatiza Bamba Touré.
O presidente da associação aponta muito trabalho na etapa que se segue, o "recomeço" não será fácil, apesar de toda a organização já existente é notório que toda ajuda é bem-vinda e conclui dizendo “somos um povo que se defende muito, e lanço uma mensagem, não estamos no momento de ver cor, religião ou nacionalidade, temos de enxergar o Rio Grande do Sul, são as pessoas e isso é o mais importante”.
A Associação de Senegaleses de Porto Alegre (ASDPOA) está recebendo doações em sua sede na Av. Alberto Bins, 404 aos domingos ou agendando através do e-mail [email protected]
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko