O Brasil convive com a polarização desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016. Cada vez mais intensificada, ela agora alcança níveis que eram aguardados para o período eleitoral de 2026, quando os brasileiros vão às urnas para definir quem será o presidente do país.
No entanto, setores da elite brasileira, resolveram antecipar essa disputa e entram em rota de colisão com o governo Lula (PT). Setores do agro, do mercado financeiro e da mídia passaram a desqualificar o governo eleito e tentam preparar o terreno para um novo nome.
Um dos exemplos é o presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), João Martins, afirmou nesta semana que se recusa a falar com o presidente Lula, o qual chamou de "desgoverno".
Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato e apresentado pelo jornalista Rodrigo Vianna.
Avanço da extrema direita no Congresso
A ex-presidente da CNA, Kátia Abreu e que foi ministra da Agricultura no governo Dilma, respondeu a João Martins, chamando-o de "ogro oco". Sindicalistas que participavam de reunião da Organização Internacional do Trabalho, também questionaram o presidente da Confederação, ao afirmarem que o país não quer o fim do governo Lula, mas sim o "fim do trabalho escravo" tolerado por setores do agro.
Em outro flanco, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que diz se afastar da política em seus posicionamentos à frente do BC, afirmou que aceita ser ministro da Fazenda em um eventual governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Neto já havia declarado voto em Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
:: Os argumentos do Banco Central não são convincentes ::
Disse inclusive que a economia brasileira pode desandar, mesmo sendo parte integrante da equipe econômica brasileira, com seu mandato à frente do Banco Central. As declarações ganharam grande espaço na mídia tradicional, que ecoam uma tentativa de setores liberais em encampar um nome bolsonarista para 2026, mas que não cometa os mesmos deslizes do ex-presidente.
Panela de Pressão
Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é o setor do governo responsável pela agricultura brasileira, o ministério da Agricultura e o ministério do Desenvolvimento Agrário, Carlos Fávaro e Paulo Teixeira, respectivamente.
O setor foi obrigado a cancelar o leilão para compra de arroz importado pedida por Lula, para mediar possíveis faltas de estoque após a tragédia climática no Rio Grande do Sul. O leilão foi vencido por uma empresa sem qualquer conhecimento do setor de grãos e levantou suspeitas de desvios.
:: A importação do arroz como alternativa à fome diante da ira do agronegócio ::
O movimento fez a alegria da direita, que espalhava mentiras nas redes sociais, criticando o leilão, em alinhamento com produtores gaúchos, que não queriam que o governo realizasse a importação do produto.
No meio do processo, o assessor do ministério da Agricultura, Neri Geller, que tem ligações familiares com sócios de uma das empresas vencedoras do leilão cancelado, foi demitido. Apesar de ter agido rápido e cancelado o leilão, o governo mostrou enorme fragilidade em um momento de isolamento político.
Cafezinho
E o Cafezinho desta semana vai para o ministro da reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta. No momento em que o governo revela dificuldades em se livrar das críticas e do cerco da extrema direita, Pimenta encontrou o tom correto para enfrentar bolsonaristas na Câmara dos Deputados.
:: Pimenta visita cozinha solidária no Vale do Taquari (RS) e promete destravar construção de casas ::
Com respostas duras, mas sem perder a linha, enfrentou Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-RJ), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e mostrou o caminho do enfrentamento contra o extremismo que afronta o governo do presidente Lula.
Onde assistir
O Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.
As edições também estão disponíveis nas plataformas de podcasts e podem ser escutadas no Deezer, Spotify, Google Podcasts, Itunes e Pocket Casts.
Edição: José Eduardo Bernardes
