G7 acusa China e Irã

China e Irã rechaçam declaração do G7 sobre suposto apoio à Rússia na guerra da Ucrânia

Pequim diz que texto final da cúpula do G7 está repleto de 'arrogância, preconceitos e mentiras'

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o líder da China, Xi Jinping, em cerimônia do 75º aniversário das relações diplomáticas entre a Rússia e a China , em Pequim, em 16 de maio de 2024. - Alexander Ryumin / POOL / AFP.

A China reagiu às críticas da declaração final da cúpula do G7 em relação a Pequim nesta segunda-feira (17), afirmando que o texto está repleto de "arrogância, preconceitos e mentiras". 

"A declaração da reunião do G7, mais uma vez, manipulou questões relacionadas à China, difamou e atacou a China", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, durante uma entrevista coletiva. 

O comunicado final da reunião dos líderes do G7, na Itália entre 13 a 15 de junho, afirmava que os países do G7 estavam preocupados com as ações da China destinadas ao seu apoio à Rússia na guerra com a Ucrânia

Em particular, os países do G7 afirmaram que "o apoio contínuo da China à base industrial de defesa da Rússia está permitindo que a Rússia mantenha sua guerra ilegal na Ucrânia e tem implicações de segurança significativas e abrangentes". 

"Continuaremos tomando medidas contra atores na China e em terceiros países que apoiem materialmente a máquina de guerra da Rússia, incluindo instituições financeiras, de acordo com nossos sistemas jurídicos, e outras entidades na China que facilitem a aquisição de itens para a base industrial de defesa da Rússia", diz o documento.

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O porta-voz da chancelaria chinesa, por sua vez, destacou que a declaração final "repetiu clichês que não têm base factual, nem base jurídica, nem justificativa moral, e estão repletos de arrogância, preconceitos e mentiras". 

Lin Jian acrescentou ainda que o G7 afirma que quer defender a paz, mas na realidade traça fronteiras, dissemina uma "falsa narrativa sobre a oposição entre democracia e autoritarismo" e provoca confronto de blocos.

"O G7 não é qualificado para representar a comunidade internacional e vai contra a tendência dos tempos de desenvolvimento pacífico", completou o porta-voz

A cúpula do G7 também apontou críticas ao Irã em relação à sua posição na guerra da Ucrânia. Na declaração final, o G7 fez um apelo ao Irã para o país não transferir mísseis balísticos e tecnologias relacionadas para a Rússia. 

"O Irã deveria parar de apoiar as operações militares da Rússia na Ucrânia […] Teerã deveria abster-se de transferir mísseis balísticos e tecnologias relacionadas", diz o documento.

Os líderes do G7 ameaçaram o Irã com novas sanções e disseram que vão responder de forma rápida e coordenada se o país realizar transferência de mísseis para a Rússia. 

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, rechaçou a declaração do G7, afirmando que o comunicado atesta a forma tendenciosa de mecanismos internacionais contra Estados soberanos.

Nasser Kanaan fez um apelou G7 para que o grupo se distancie das "políticas destrutivas do passado". 

"Quaisquer tentativas de ligar a guerra da Ucrânia à cooperação bilateral entre o Irã e a Rússia são objetivos políticos puramente partidários", declarou Kanaani, acrescentando que alguns países estão "recorrendo a falsas alegações para continuar as sanções" contra o Irã.

Edição: Rodrigo Durão Coelho