CONTRA O EXTREMISMO

Mais de 200 esportistas franceses pedem para eleitorado rejeitar extrema direita

País vai às urnas em 30 de junho e 7 de julho para escolher parlamentares e formar novo governo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |
Mbappé tomou a iniciativa de pedir para que o país rejeite a extrema direita - AFP

Mais de 200 atletas e personalidades esportivas da França assinaram carta aberta pedindo aos eleitores para que rejeitem a extrema direita nas eleições parlamentares que ocorrem nos dias 30 de junho e 7 de julho. O pleito foi antecipado pelo premiê Emmanuel Macron e descrito pelos esportistas como "não apenas… um dever cívico, mas também um ato de amor pelos nossos país".

O texto pede por “uma sociedade mais inclusiva e democrática” e acusa os políticos de extrema direita de explorarem as diferenças e a diversidade e de “manipularem os nossos medos para nos dividirem”. 

Estamos bem conscientes das dificuldades crescentes que muitas pessoas enfrentam para sobreviver, da raiva face à desigualdade, da falta de compromisso e do medo do futuro. Mas, como desportistas profissionais, treinadores e tomadores de decisão, não podemos resignar-nos a ver a extrema direita tomar o poder no nosso país.

Que tipo de futuro queremos para nós e para os nossos filhos? Não podemos conceber que os nossos filhos vivam numa sociedade onde o medo dos outros, a suspeita e a violência estejam no cerne do Estado, como tem sido o caso em regimes autoritários governados pela extrema direita.

Apelamos a todos os apaixonados pelo esporte que tomem medidas contra a ascensão da extrema direita. Nos dias 30 de Junho e 7 de Julho, votar não será apenas um dever cívico, mas também um ato de amor pelo nosso país, pelos nossos entes queridos e por todos aqueles mais vulneráveis ​​do que nós, que serão vítimas de discriminação se a extrema direita chegar ao poder.

Mais do que nunca, precisamos superar a briga, acima dos ataques perigosos, acima dos golpes baratos, e promover o amor do coletivo e a alegria de jogar juntos.

Publicada no jornal L'Équipe, a carta foi assinada por atletas de uvárias modalidades, personalidades esportivas, treinadores e diretores de clubes, incluindo Yannick Noah, o ex-tenista que se tornou cantor, Serge Betsen, um ex-jogador da união internacional francesa de rugby, Marie-José Perec, velocista tripla medalha de ouro olímpica, e Marion Bartoli, que venceu em Wimbledon em 2013.

A publicação ocorreu horas depois de o capitão do futebol francês, Kylian Mbappé, e o seu companheiro de equipe, Marcus Thuram, terem estimulado os eleitores a rejeitarem o partido de Marine Le Pen e o Reconquista de Eric Zemmour nas eleições.

Mbappé ampliou o seu apelo, apelando aos seus compatriotas para não deixarem os “extremos” – seja de extrema direita ou de extrema esquerda – chegarem ao poder, dizendo que foi um momento crucial para a história francesa.

“Quero falar com todo o povo francês, mas também com a juventude. Somos uma geração que pode fazer a diferença. Os extremos estão às portas do poder. Temos a chance de escolher o futuro do nosso país”, disse ele na véspera do jogo de abertura da França na Euro 2024, na segunda-feira.

A federação de futebol da França disse que os jogadores eram livres para expressar suas próprias opiniões.

A campanha eleitoral começou oficialmente na segunda-feira, após o prazo final para os partidos indicarem candidatos, no domingo. O anúncio de Macron mergulhou a França numa turbulência política, com pesquisas indicando vitória da extrema direita. A seleção da França estreou na Eurocopa, o campeonato de seleções europeias, vencendo a Áustria por 1 a 0, com assistência de Mbappé.

Edição: Rodrigo Durão Coelho