RECOMEÇO

Mercado Público de Porto Alegre reabre parcialmente com ambiente de festa

Nesta semana, o andar térreo será reaberto ao público e comerciantes esperam grande movimentação

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Na sexta-feira (14), 15 restaurantes do segundo piso reabriram em clima de festa; funcionamento será das 11h às 15h - Foto: Eugênio Bortolon

Aos poucos, o Mercado Público de Porto Alegre volta para os braços do povo como acontece desde 1869, quando foi inaugurado. Enfrentou várias intempéries, como incêndios e agressões à sua arquitetura, mas está, mais uma vez, em recuperação. Nesta terça-feira (18), as lojas internas do andar térreo poderão funcionar entre 7h30 e 19h, mesmo que estejam em obras. É mais um passo para o retorno definitivo.

Na última sexta-feira (14), o ambiente era de comemoração. Enquanto o pessoal trabalhava no térreo, fazendo ajustes nas lojas, limpando paredes e móveis ou colocando novos equipamentos, no segundo andar houve festa e animação.

A reabertura, após 41 dias de fechamento, desde o início da enchente, em 3 de maio, aconteceu para 15 restaurantes do segundo piso, com funcionamento das 11h às 15h. O ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, vereadores, pré-candidatos à prefeitura, como Maria do Rosário (PT), e à Câmara Municipal, o ex-governador Olívio Dutra, secretários e dezenas de veículos de imprensa também estiveram na volta do Mercado Público, o mais antigo do Brasil.


Reabertura contou com a presença do ministro Paulo Pimenta, do ex-governador Olívio Dutra e da deputada federal Maria do Rosário / Foto: Arquivo Pessoal

O local é considerado o principal centro de abastecimento de alimentos da cidade e o prédio é um ponto turístico, sobretudo pela atividade gastronômica.

Localizado no Centro Histórico da cidade, o empreendimento popular tem 132 lojas e oferece opções de alimentos in natura (carnes, peixes, frutos do mar, frutas) nas bancas e pratos e lanches em restaurantes e bares. Há também lojas de vendas de produtos religiosos, para cozinhas e banheiros, especiarias, além de material nutricional. Para visitantes, o retorno ao local será feito durante a semana. Algumas lojas com acesso pela rua já funcionavam na sexta-feira, ainda precariamente e com poucos produtos. A limpeza acontecia em ritmo acelerado.

O objetivo inicial é atender 30 mil pessoas por dia, disse Rafael Sartori, presidente da Associação do Mercado Público. Ele acredita que a maioria dos 1,5 mil empregos mantidos pelos permissionários será mantida. Os prejuízos de aproximadamente R$ 15 milhões com a parada e com o material levado e estragado pelas águas será um ônus a ser assimilado com apoio dos governos federal e municipal e da própria comunidade.


A reabertura completa dependerá do cronograma de reconstrução de cada loja / Foto: Eugênio Bortolon

O lixo e a água acumulada nas proximidades do Mercado desaparecerão nos próximos dias, promete Sartori. Na retirada da água e da lama e nos trabalhos de desinfecção foram investidos perto de R$ 300 mil pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Os serviços de limpeza das superfícies incluíram a remoção do lodo por meio de jatos (hidrojateamento) e auxílio de caminhão-pipa.

Conforme a Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio, a reabertura completa dependerá do cronograma de reconstrução de cada loja, individualmente. Além disso, todas as obras internas no Mercado Público só poderão ser realizadas após às 19h para não causar transtornos aos frequentadores do local a partir desta semana.

No X, antigo Twitter, o ministro Pimenta disse que "depois de momentos tão difíceis que atravessamos, estamos aqui, de cabeça erguida, dando a volta por cima, mais fortes e unidos".

Em entrevistas para a mídia, afirmou que o governo federal já alcançou R$ 1 bilhão em crédito contratado a juro zero por micro e pequenas empresas atingidas pelas chuvas e boa parte dos negócios já estão conseguindo reabrir suas portas. "Contem conosco para voltar a movimentar a economia do RS", garantiu.

Conforme informações da Prefeitura de Porto Alegre, os estabelecimentos que reabriram foram inspecionados pela Vigilância Sanitária. Não há perigo de contaminação no local, afirmou a responsável pela área Denise Garcia. "A equipe de vigilância de alimentos deu orientação para os nossos permissionários do segundo andar, no sentido de orientá-los e para saberem o quanto é importante essa atividade do Mercado Público para a economia de Porto Alegre e para a saúde da população."

Lázaro Kielling, um dos garçons que trabalha no segundo andar, estava eufórico na sexta-feira com os trabalhos e com a movimentação que existia no seu restaurante.

"Autoridades e usuários vieram dar um apoio extraordinário para o nosso recomeço", dizia. Ele conta que perdeu tudo que tinha na sua casa em Eldorado e que voltar a trabalhar era o seu maior sonho dos últimos 30 dias. Depois de morar em abrigo, ver a família se distanciar para se salvar, ele conta que recebeu apoio incondicional e "muito legal" para reconstruir o que se foi com as águas. 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko