VISITA HISTÓRICA

Putin chega à Coreia do Norte e agradece Pyongyang por apoio em guerra na Ucrânia

É a primeira visita de Putin ao país desde 2000; Otan classifica viagem como 'ameaça à segurança global'

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Presidente russo, Vladimir Putin, chega à Coreia do Norte e é recebido no aeroporto de Pyongyang pelo líder Ki Jong-un nesta terça-feira - Reprodução / Kremlin.ru

O presidente russo, Vladimir Putin, desembarcou nesta terça-feira (18) em Pyongyang, onde foi recebido pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un. A última vez que presidente russo visitou a Coreia do Norte foi em 2000, quando o país era liderado por Kim Jong Il, pai de Kim Jong-un.

Horas antes de sua chegada, Vladimir Putin publicou artigo no jornal norte-coreano Rodong Sinmun, no qual agradeceu o apoio de Pyongyang à Rússia no contexto da guerra da Ucrânia. 

"Apreciamos muito o firme apoio da Coreia do Norte à condução da 'operação militar especial' (nome usado pelo Kremlin para designar a guerra) na Ucrânia, a sua solidariedade conosco em importantes questões internacionais e a sua disponibilidade para defender prioridades e pontos de vista comuns nas Nações Unidas (ONU)", disse Putin em um artigo publicado no jornal e no site do Kremlin.

O presidente da Rússia também expressou esperança de que a Rússia e a Coreia do Norte "por meio de esforços conjuntos sejam capazes de levar a interação bilateral a um nível ainda mais elevado".

Putin também aproveitou para reiterar críticas aos EUA e ao Ocidente, afirmando que Washington busca "impor ao mundo uma ditadura neocolonial global baseada em dois pesos e duas medidas". De acordo com ele, os próprios Estados Unidos "e os seus satélites" provocaram o conflito na Ucrânia.

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"Os nossos oponentes continuam fornecendo dinheiro, armas e informações ao regime neonazista de Kiev, permitindo e realmente encorajando o uso de armas e equipamentos ocidentais modernos para atacar o território russo. E na maioria das vezes contra alvos civis. Ameaçam enviar os seus contingentes militares para a Ucrânia. Ao mesmo tempo, tentam esgotar a nossa economia com novas sanções e provocar um aumento da tensão sociopolítica no país", destacou.

A expectativa é que durante a visita seja assinado um tratado de parceria estratégica com a Coreia do Norte, conforme antecipou o assessor presidencial, Yuri Ushakov. O líder russo realizará uma reunião bilateral e dará uma coletiva junto com Kim Kong-un nesta quarta-feira (19). 

De acordo com Ushakov, o tratado substituirá vários acordos entre os dois países que datam da era soviética e do início dos anos 2000. O assessor ainda acrescentou que o tratado "delineará as perspectivas para uma maior cooperação" e terá em conta os desenvolvimentos recentes nas relações entre Moscou e Pyongyang.

Otan: visita de Putin à Coreia do Norte é 'desafio para a segurança global'

Ao comentar a viagem do líder russo a Pyongyang, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, declarou que ela representa "um desafio à segurança global".

O chefe da aliança militar ocidental participou de coletiva de imprensa em Washington ao lado do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta terça-feira (18) na qual disse que os laços estreitos entre Moscou e a Coreia do Norte são uma preocupação, não apenas na Europa.

"A visita de Putin à Coreia do Norte confirma os laços estreitos entre a Rússia e Estados autoritários como a Coreia do Norte, a China e o Irã. Isto mostra que a nossa segurança não é regional, mas global", disse Stoltenberg. 

O secretário-geral aproveitou a fala para reiterar as acusações contra China, Irã e Coreia do Norte sobre o suposto apoio destes países à Rússia no contexto da guerra da Ucrânia. 

"O que acontece na Europa é importante para a Ásia, o que acontece na Ásia é importante para nós, e isto é claramente demonstrado na Ucrânia, onde o Irã, a Coreia do Norte e a China apoiam e alimentam a agressão militar da Rússia contra a Ucrânia", completou. 

A diplomacia chinesa, por sua vez, condenou as recentes declarações da Otan sugerindo que o seu suposto apoio à Rússia alimenta a guerra da Ucrânia. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, destacou que a Otan deveria repensar as suas ações no quadro do conflito na Ucrânia e não realizar "ataques caluniosos arbitrários" contra a China.

Edição: Rodrigo Durão Coelho