Com CUT, Rede Brasil Atual e Rondó da Liberdade
O presidente Lula voltou a criticar nesta terça-feira (18) o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Para ele, o comportamento do BC é a única coisa “desajustada” no país atualmente. Disse que “não tem explicação” para a atual taxa de juros, fixada em 10,5% ao ano. Além disso, afirmou que Campos Neto tem “lado político” e “trabalha para prejudicar o país”.
As críticas de Lula ocorreram na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) sobre a taxa Selic. Enquanto o mercado pressiona pelo fim do ciclo de cortes na taxa básica de juros, as centrais sindicais protestaram pela redução.
De acordo com o presidente, o Brasil não pode continuar com a atual taxa de juros, que é “proibitiva” para os investimentos. Ele afirmou que os juros têm que ser compatíveis com a inflação, que está “totalmente controlada”.
O Copom iniciou o atual ciclo de queda dos juros em agosto de 2023, quando a taxa passou de 13,75%. De lá para cá, foram seis cortes consecutivos de meio ponto percentual. No mês passado, o colegiado reduziu o ritmo, com corte de 0,25 pp. Contudo, a redução da Selic acompanhou a queda da inflação, mantendo praticamente inalterada a taxa de juro real no país.
Como sucessor de Campos Neto, Lula declarou que escolherá alguém que tenha compromisso com o desenvolvimento do Brasil, com o controle da inflação, mas que também pense em uma meta de crescimento. O mandato de do atual presidente do BC expira no final deste ano.
“Vai ser uma pessoa madura, calejada, responsável, alguém que tenha respeito pelo cargo que exerce, que tenha respeito e alguém que não se submeta a pressões de mercado. Alguém que faça aquilo que for de interesse dos 203 milhões de brasileiros”, afirmou.
Centrais protestam
Durante a manhã, as centrais sindicais protestaram em frente à sede do BC em São Paulo, na Avenida Paulista. A vice-presidenta nacional da CUT, Juvandia Moreira, criticou o “boicote” de Campos Neto à economia real, prejudicando, com os juros altos, o crescimento e a geração de emprego.
“O BC alega que a Selic precisa ser alta para conter a inflação, mas esta segue sob controle e existem outros métodos para conter a inflação que não é esse, que causa prejuízos para todo o país”, destacou a dirigente.
Por que os juros são tão prejudiciais? Entenda.
De acordo com o canal e grupo de formação, Rondó da Liberdade, a alta taxa de juros têm os seguintes prejuízos para a economia e para a vida do povo:
"O aumento da taxa Selic, que é a taxa de juros básica do Brasil, funciona como um freio de mão puxado no desenvolvimento econômico. Quando o Banco Central aumenta a Selic, fica mais caro pegar dinheiro emprestado, tanto para as pessoas quanto para as empresas e os governos.
Para o trabalhador, o aumento da Selic significa que os empréstimos e os financiamentos, como aqueles para comprar uma casa ou um carro, ficam mais caros. Isso faz com que as famílias gastem mais com juros e menos com outras coisas, apertando o orçamento doméstico. É como se todo mês você tivesse que tirar mais dinheiro da carteira para pagar o banco, sobrando menos para outras necessidades.
Para o desenvolvimento industrial, a alta da Selic também é prejudicial. As empresas dependem de crédito para investir em novos projetos, ampliar suas fábricas ou melhorar a tecnologia. Com juros mais altos, esses investimentos se tornam mais caros e muitas vezes inviáveis. É como se as empresas quisessem acelerar, mas tivessem que fazer isso com o freio puxado, o que dificulta o crescimento e a geração de empregos.
Além disso, juros altos tornam muito caro para o Brasil financiar o desenvolvimento de suas próprias indústrias e infraestruturas. Se o governo e empresas locais têm que pagar altos juros sobre os empréstimos, fica difícil investir em fábricas, tecnologia e outros projetos que poderiam ajudar a desenvolver uma economia autônoma.
Por causa dos altos juros, o Brasil muitas vezes precisa vender seus recursos naturais, como minério e petróleo, a preços baixos para conseguir dinheiro rápido. Em vez de usar essas riquezas para construir uma economia forte aqui, nós vendemos barato para os países ricos, que os utilizam para manter seu próprio crescimento e poder.
Manter juros altos no Brasil ajuda os países ricos a continuarem dominando os países mais pobres. E interessa aos bancos e investidores, nacionais e internacionais, que ganham mais dinheiro ao emprestar seu capital para o governo ou para outras pessoas.
Em suma, a política de juros altos aperta o bolso do trabalhador, freia o crescimento industrial e funcionam como uma forma de estrangulamento financeiro, que impede que um país tão rico como o Brasil possa se desenvolver plenamente.
No Brasil, a partir de uma mudança na lei do governo Bolsonaro, o presidente do Banco Central tem sido indicado pelos bancos, não pelo Presidente da República.
Recentemente, como Lula chamou atenção, grandes investidores fizeram uma festa para o presidente do Banco Central. Quem deu a festa está ganhando rios de dinheiro com os juros praticados no Brasil e quem está pagando a conta somos nós"