O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou os Estados Unidos nesta terça-feira (18/06) de estarem intencionalmente retendo armas ao seu Estado e, consequentemente, prejudicando suas operações militares contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
Em um comunicado divulgado por vídeo, o premiê relatou que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em sua recente visita a Israel, teria prometido que Washington removeria todas as restrições de transferência de recursos bélicos a Tel Aviv ao longo dos próximos dias.
Netanyahu revelou ter agradecido “profundamente” o apoio norte-americano a Israel desde 7 de outubro de 2023.
“Mas eu também disse outra coisa. Disse que é inconcebível que, nos últimos meses, o governo tenha retido armas e munições para Israel”, criticou o premiê, acrescentando que sua nação, “o aliado mais próximo dos Estados Unidos”, segue “lutando por sua vida, lutando contra o Irã e nossos outros inimigos comuns.”
“O secretário Blinken me garantiu que o governo está trabalhando dia e noite para remover esses gargalos. Eu certamente espero que seja o caso. Deveria ser o caso”, acrescentou.
Netanyahu também argumentou que um maior fluxo de armas possibilitará um término mais rápido da guerra, o que, segundo o jornal The Times of Israel, é “algo que Biden está ansioso para alcançar, especialmente com uma dura disputa eleitoral em andamento”.
“Durante a Segunda Guerra Mundial, [o líder britânico Winston] Churchill disse aos Estados Unidos: ‘dêem-nos as ferramentas, faremos o trabalho. E eu digo, dê-nos as ferramentas e terminaremos o trabalho muito mais rápido”, declarou o israelense.
Blinken fala em ‘exageros’ de Netanyahu
Após a publicação do vídeo, Blinken foi questionado, durante uma coletiva de imprensa em Washington, sobre a veracidade do relato de Netanyahu. O chefe da diplomacia norte-americana indicou que o premiê estava “exagerando”, já que apenas um carregamento havia sido retido.
“Continuamos revisando um carregamento sobre o qual o presidente [Joe] Biden falou, referente às bombas de 2.000 libras. Nossas preocupações se devem ao seu uso em uma área densamente povoada como Rafah. Isso continua sob revisão”, disse Blinken, acrescentando que “todo o resto está se movendo como normalmente se moveria” e garantindo que “Israel tenha o que precisa para se defender dessa multiplicidade de desafios [que enfrenta]”.
No entanto, novamente questionado sobre o encontro com Netanyahu, o secretário norte-americano se recusou a dar detalhes sobre a conversa diplomática.
Casa Branca rejeita comunicado de Israel
Por outro lado, a Casa Branca rejeitou a alegação feita pelo premiê israelense durante outra coletiva de imprensa, também na terça-feira.
“Nós genuinamente não sabemos do que ele está falando”, disse a secretária de Imprensa, Karine Jean-Pierre.
“Houve um carregamento específico de munições que foi pausado, já falamos sobre isso muitas vezes. Continuamos tendo conversas construtivas com os israelenses para a liberação dessa remessa em particular e não temos atualizações sobre isso. Não há outras pausas ou retenções no lugar. Todo o resto está caminhando no devido processo legal”, esclareceu.
Ainda nesta quarta-feira (19/06), a Casa Branca cancelou conversas de alto nível marcadas entre autoridades de segurança norte-americanas e israelenses em Washington como forma de expressar repúdio às críticas públicas feitas por Netanyahu. “Inaceitáveis”, de acordo com o site de notícias Axios
Transferência de armas
De acordo com relatórios “sem fontes” publicados pela emissora israelense Keshet 12 e em alemão pelo diário Bild, durante a última reunião entre Netanyahu e Blinken, o premiê teria exigido que a frequência de remessas de armas dos Estados Unidos voltasse ao nível imediatamente após o 7 de outubro.
No mês passado, quando Biden ameaçou que transferências adicionais seriam congeladas caso Israel lançasse sua ofensiva a Rafah, no sul de Gaza, Netanyahu respondeu prometendo que, se sua nação “tiver que ficar sozinha, ficaremos sozinhos”.
Com isso, de acordo com o Times of Israel, “a Casa Branca atrasou um carregamento de bombas de 2.000 e 500 libras por preocupações de que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) poderiam usá-las em Rafah”.
No entanto, semanas depois, o governo Biden anunciou ter encontrado garantias “críveis e confiáveis” de que Tel Aviv usaria as armas norte-americanas conforme o Direito Internacional Humanitário. Nesse sentido, autorizou a transferência de recursos bélicos ao seu aliado.