28 de julho

Chanceler venezuelano diz que tentativa dos EUA de interferir nas eleições será um 'fracasso'

Fala do ministro foi uma resposta ao governo estadunidense, que disse estar 'preocupado' com prisões no país

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
O ministro Yván Gil recomendou que os EUA escrevam um texto para "consolar o desastre da extrema-direita que você promove" - Nhac NGUYEN / AFP

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse nesta terça-feira (18) que os Estados Unidos não vão conseguir interferir nas eleições do país marcadas para 28 de julho. A fala foi resposta ao subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Brian Nichols, que disse estar “preocupado” com a “perseguição contínua de membros da oposição democrática da Venezuela”. 

Segundo o chanceler, o país da América do Norte tem uma “obsessão vulgar” em ofender os venezuelanos e tentar se intrometer em assuntos internos de outros países.

“Suas tentativas de interferir em nosso processo serão tão eficazes quanto as políticas do seu governo: um fracasso total! Eles não conseguiram e nem conseguirão. Nossa recomendação é que você escreva um post para publicar quando tiver que consolar o desastre da extrema direita que você promove”, afirmou em publicação em seu perfil do X (ex-Twitter).

 

 

Gil respondeu publicação de Nichols na qual o estadunidense afirmou que as prisões denunciadas por integrantes do partido de extrema direita Vente Venezuela são “profundamente preocupantes”.

“As últimas detenções e a perseguição contínua de membros da oposição democrática da Venezuela são profundamente preocupantes no período que antecede as eleições presidenciais de 28 de julho. Os candidatos e ativistas venezuelanos devem poder fazer campanha de forma pacífica e livres de intimidação”, disse em publicação na rede social.

A troca de acusações se deu depois que o candidato à presidência e ex-embaixador Edmundo González Urrutia afirmou que durante o final de semana foram presos três jovens acusados de incitar ódio e associação criminosa. De acordo com a oposição, os três foram levados para o presídio de Helicoide. Ele, no entanto, não explicou o contexto das prisões. 

Urrutia estava acompanhado do maior nome da oposição, María Corina Machado. Inabilitada por 15 anos, ela não poderá concorrer no pleito e afirmou que o incidente representa uma ruptura do acordo de Barbados, assinado entre governo e parte da oposição para definir a organização das eleições. Corina disse que “o percurso eleitoral, a atividade eleitoral e a campanha estão sendo criminalizados”. 

Essa é a segunda declaração de Brian Nichols em dois meses nesse sentido. Em abril, o secretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos havia feito uma publicação contra a prisão de militantes do partido Vente Venezuela. Eles foram acusados de planejar atentados contra o governo e o Estado venezuelano. 

Na ocasião, Yván Gil defendeu a tese de que os EUA estão envolvidos com o esquema de corrupção na estatal petroleira  PDVSA. O chanceler afirmou que as declarações do estadunidense jogam uma “cortina de fumaça” na participação dos EUA na corrupção da PDVSA. “É uma manobra para tentar proteger seus fantoches e lacaios, na Venezuela e no mundo, responsáveis pela conspiração permanente contra o nosso país”, afirmou o chanceler em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).

O presidente Nicolás Maduro tentará a reeleição para o 3º mandato. Ele enfrentará outros 9 opositores em um dos pleitos mais povoados em quase 30 anos

Edição: Rodrigo Durão Coelho