O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, disse nesta terça-feira (18) que os Estados Unidos não vão conseguir interferir nas eleições do país marcadas para 28 de julho. A fala foi resposta ao subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA, Brian Nichols, que disse estar “preocupado” com a “perseguição contínua de membros da oposição democrática da Venezuela”.
Segundo o chanceler, o país da América do Norte tem uma “obsessão vulgar” em ofender os venezuelanos e tentar se intrometer em assuntos internos de outros países.
“Suas tentativas de interferir em nosso processo serão tão eficazes quanto as políticas do seu governo: um fracasso total! Eles não conseguiram e nem conseguirão. Nossa recomendação é que você escreva um post para publicar quando tiver que consolar o desastre da extrema direita que você promove”, afirmou em publicação em seu perfil do X (ex-Twitter).
El Sr. Nichols @WHAAsstSecty vuelve con su vulgar obsesión por ofender a los venezolanos, inmiscuyéndose en asuntos que no le corresponden.
— Yvan Gil (@yvangil) June 19, 2024
Parece que la derrota que tienen pintada en la frente sus títeres le causa más angustia que nunca. Sus intentos de interferir nuestro… https://t.co/TuiKvNwEx8
Gil respondeu publicação de Nichols na qual o estadunidense afirmou que as prisões denunciadas por integrantes do partido de extrema direita Vente Venezuela são “profundamente preocupantes”.
“As últimas detenções e a perseguição contínua de membros da oposição democrática da Venezuela são profundamente preocupantes no período que antecede as eleições presidenciais de 28 de julho. Os candidatos e ativistas venezuelanos devem poder fazer campanha de forma pacífica e livres de intimidação”, disse em publicação na rede social.
A troca de acusações se deu depois que o candidato à presidência e ex-embaixador Edmundo González Urrutia afirmou que durante o final de semana foram presos três jovens acusados de incitar ódio e associação criminosa. De acordo com a oposição, os três foram levados para o presídio de Helicoide. Ele, no entanto, não explicou o contexto das prisões.
Urrutia estava acompanhado do maior nome da oposição, María Corina Machado. Inabilitada por 15 anos, ela não poderá concorrer no pleito e afirmou que o incidente representa uma ruptura do acordo de Barbados, assinado entre governo e parte da oposição para definir a organização das eleições. Corina disse que “o percurso eleitoral, a atividade eleitoral e a campanha estão sendo criminalizados”.
Essa é a segunda declaração de Brian Nichols em dois meses nesse sentido. Em abril, o secretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos havia feito uma publicação contra a prisão de militantes do partido Vente Venezuela. Eles foram acusados de planejar atentados contra o governo e o Estado venezuelano.
Na ocasião, Yván Gil defendeu a tese de que os EUA estão envolvidos com o esquema de corrupção na estatal petroleira PDVSA. O chanceler afirmou que as declarações do estadunidense jogam uma “cortina de fumaça” na participação dos EUA na corrupção da PDVSA. “É uma manobra para tentar proteger seus fantoches e lacaios, na Venezuela e no mundo, responsáveis pela conspiração permanente contra o nosso país”, afirmou o chanceler em seu perfil na rede social X (antigo Twitter).
O presidente Nicolás Maduro tentará a reeleição para o 3º mandato. Ele enfrentará outros 9 opositores em um dos pleitos mais povoados em quase 30 anos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho