REFORMA AGRÁRIA

Conheça a Unicrab: iniciativa inédita que reúne mais de 200 cooperativas da reforma agrária popular

Coletivo do MST foi pensado para ser instrumento de combate à fome e de desenvolvimento da agricultura camponesa

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A Unicrab reúne mais de 200 cooperativas pelo país, com foco no fortalecimento da produção de alimentos saudáveis e combate à fome - Cyla Ramos
O cooperativismo precisa ter em sua pauta a reforma agrária, a agroecologia e o meio ambiente

Mais de 200 cooperativas que atuam com a produção de alimentos em assentamentos criaram a União Nacional das Cooperativas da Reforma Agrária (Unicrab). A organização pretende fortalecer o sistema cooperativista, ser um instrumento no combate à fome e de desenvolvimento da agricultura camponesa.

Assentada da reforma agrária no Ceará, Clarice Rodrigues, da coordenação do setor de produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e integrante da Unicrab entende que a união dos produtores da Reforma Agrária se tornou fundamental.

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“A Unicrab vem para fortalecer o conjunto dessas cooperativas a nível nacional, a união dessas muitas cooperativas nossas espalhadas pelo Brasil todo, onde vamos poder, através dela, fortalecer cada vez mais o sistema cooperativista nos nossos assentamentos, nas nossas regiões, criar novas cooperativas. Sabemos que existem outras centrais de cooperativas no Brasil, mas nos sentimos representados em um conjunto das nossas, onde temos as mesmas pautas, onde entendemos que o cooperativismo precisa ter na sua pauta a questão da reforma agrária, da agroecologia, da proteção ambiental”, ressalta. 

Mais de 1900 associações de produção de alimentos oriundos da reforma agrária estão organizadas em cooperativas em seus assentamentos e regiões por todo país, o modelo colaborativo potencializa a produção e a comercialização dos alimentos.

Diego Moreira, da coordenação nacional do MST, fala sobre a importância da cooperação. “Estamos falando de pequenas unidades produtivas, poucas políticas públicas que chegam ao campo, aos assentamentos, a necessidade da cooperação, seja do ponto de vista das sementes, de outros insumos, do maquinário, a cooperação do trabalho é fundamental porque é o que garante que de fato consiga ter produtividade, consiga ter rentabilidade no trabalho, consiga diminuir a penosidade do trabalho e a cooperação para nós, mais do que tudo, ela é o que garante as relações sociais, porque as relações sociais através da produção permite elevar o nível de consciência”. 

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“Elas [as cooperativas] têm sido fundamental para a organização dos nossos assentamentos, para comercializarmos em todo o Brasil, afirma Clarice Rodrigues, integrante da Unicrab. 

O MST possui experiência consolidada na produção de alimentos agroecológicos, como por exemplo, o arroz orgânico no Rio Grande do Sul e o café em Minas Gerais.

Nesse sentido, a ideia da Unicrab é fortalecer o compartilhamento deste conhecimento e dessas experiências e, assim, melhorar a produção para o abastecimento nacional com comida de verdade e sem veneno.

“Colocar essa produção a serviço da sociedade brasileira e a serviço dos mercados, seja mercado institucional ou seja mesmo convencional. Mas a preocupação primeira das nossas cooperativas, das associações, da nosso processo de cooperação e da Unicrab como organizadora desse processo todo é colocar os nossos alimentos no mercado interno para combater a inflação dos alimentos, poder ajudar a construir uma política de abastecimento indo de encontro nesse grande dilema brasileiro que é a fome que infelizmente estamos vivendo novamente”, completa Diego Moreira. 

 

Edição: Douglas Matos