A reação imediata ao PL 1904, mais conhecido como PL do Estupro, fez com que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), retirasse o projeto da pauta de votação. Dias antes, Lira havia pautado a urgência para tramitação do PL, aprovada em votação simbólica que durou 23 segundos.
Seja a organização pelas redes, iniciada por movimentos de defesa dos direitos reprodutivos das mulheres, sejam as manifestações de ruas que tomaram diversas cidades do país, a articulação de setores progressistas teve um efeito imediato na retirada do PL de votação.
:: Comissão da Câmara aprova requerimento de Sâmia Bomfim para arquivamento do PL do Estupro ::
Essa pode ter sido uma virada de chave do poder inconteste que o parlamento brasileiro havia incumbido a si mesmo, relegando à extrema direita uma série de aprovações de ditas "pautas de costume", com o intuito de desgastar o governo do presidente Lula (PT).
Este é um dos destaques do Tempero da Notícia, programa produzido pelo Brasil de Fato e apresentado pelo jornalista Rodrigo Vianna.
Pressão no Copom
O presidente Lula agiu de maneira similar ao tentar colocar sob pressão o Banco Central e o seu presidente, Roberto Campos Neto, dias antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que é responsável por avaliar as movimentações em torno da política de juros e da taxa de inflação da economia brasileira.
Apesar da pressão de Lula, que afirmou em entrevistas que a taxa dos juros do Brasil só privilegia o capital financeiro e especulativo, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa nos atuais 10,5%.
:: Copom ignora pressão de Lula e mantém Selic em 10,5% ao ano ::
O efeito da fala de Lula, no entanto, ainda poderá ter seu efeito prático ao frear arroubos políticos de Roberto Campos Neto. O presidente do BC voltou a fazer acenos à extrema direita, ao vazar informações na mídia tradicional, de que aceitaria ser ministro da Fazenda em um eventual governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador do Estado de São Paulo.
Panela de Pressão
Quem vai para a Panela de Pressão desta semana é o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por conta de novas movimentações do escândalo da joias. A Polícia Federal coletou informações de que o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, por meio de nova delação, afirmou que outras joias foram vendidas nos Estados Unidos.
Mauro Cid chegou a dizer que entregou esse dinheiro em mãos para Bolsonaro em Nova York. Os valores teriam passado pela conta do pai de Mauro Cid, o general Mauro Lorena.
A investigação que já se arrasta no Judiciário brasileiro há algum tempo, pode chegar ao fim e Bolsonaro poderá ser indiciado ainda este mês. Já os demais casos onde Bolsonaro é investigado pela PF, entre eles o das fraudes de cartões de vacinas contra a covid-19 e a tentativa de golpe de Estado, devem ser concluídos ainda este ano.
Cafezinho
E o Cafezinho desta semana vai para Chico Buarque, que nesta semana completou 80 anos de idade. O poeta das letras sofisticadas, do encaixe perfeito entre verso e música, das crônicas em forma de canção, autor de pecas de teatro e premiados romances, é o ídolo de diversas gerações de brasileiros.
:: Chico Buarque sabia o berço que tinha e como isso seria incisivo no combate à ditadura, lembra pesquisador ::
Chico Buarque é também um artista que não se esconde nas horas mais difíceis do Brasil. Sofreu com a censura da ditadura brasileira, participou das Passeata dos Cem Mil, no pedido de eleições da "Diretas Já!" e das campanhas presidenciais de Lula, tanto nas derrotadas, quanto nas vitoriosas.
Tudo isso é importante, mas grandiosa mesmo é sua obra, que ficará marcada como a expressão maior da arte brasileira.
Onde assistir
O Tempero da Notícia vai ao ar todas as sextas-feiras, às 20h, no canal do Brasil de Fato no YouTube e na TVT, canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.
Moradores do estado de São Paulo podem acompanhar o programa pela Rádio Brasil Atual (98,9 FM na Capital Paulista e 93,3 FM na Baixada Santista), nos mesmos horários.
As edições também estão disponíveis nas plataformas de podcasts e podem ser escutadas no Deezer, Spotify, Google Podcasts, Itunes e Pocket Casts.
Edição: José Eduardo Bernardes