Pelo menos cinco pessoas morreram e 31 ficaram feridas nesta terça-feira (24) no Quênia durante protestos contra o governo liberal de William Ruto pela polícia na capital, Nairóbi, quando manifestantes invadiram a sede do Parlamento.
As informações foram divulgadas por várias ONGs presentes no país, incluindo a Anistia Internacional, sem especificar as cidades onde ocorreram os incidentes. Anteriormente, a ONG queniana Comissão de Direitos Humanos havia afirmado na rede social X que a polícia "atirou em quatro manifestantes, [...] matando um deles" em Nairóbi. Jornalistas da AFP presentes no local viram três corpos inertes no chão entre poças de sangue.
Os incidentes aconteceram no centro financeiro da capital, onde ocorria a terceira manifestação em oito dias do movimento Occupy Parliament (Ocupar o Parlamento). Os manifestantes se opõem a um projeto de orçamento para 2024-2025 que prevê aumento de impostos e a criação de novos tributos, anunciado pelo Executivo.
O texto prevê a taxação de diversos artigos de necessidade básica para a população, como remédios e itens de alimentação, incluindo um imposto sobre valor agregado (IVA) de 16% sobre o pão e 2,5% sobre veículos automotores, além de aumentar alguns impostos existentes.
Os primeiros confrontos desta terça tiveram início ao meio-dia, depois que os manifestantes avançaram em uma área que abriga vários prédios governamentais, incluindo o Parlamento, o Supremo Tribunal e a prefeitura de Nairóbi. Os manifestantes romperam o cordão de isolamento policial para entrar na sede do Legislativo, onde os deputados aprovaram emendas ao texto, que deve ser votado antes de 30 de junho.
"Estamos cansados"
O movimento Occupy Parliament surgiu nas redes sociais após a apresentação, em 13 de junho, do projeto de orçamento. Após os protestos que tomaram as ruas da capital Nairobi, o governo recuou na última semana com a retirada de algumas medidas, mas o movimento exige a eliminação total do texto.
Inicialmente liderado pela Geração Z (pessoas nascidas após 1997), o movimento se transformou em um protesto mais amplo contra a política do presidente William Ruto.
"Ruto nunca cumpriu suas promessas [...] Estamos cansados. Que ele vá embora", declarou Stephanie Wangari, desempregada de 24 anos. Antes desta terça-feira, outras duas pessoas haviam morrido em Nairobi durante os protestos e várias dezenas ficaram feridas.
O Quênia, país do leste da África com cerca de 52 milhões de habitantes, é um motor econômico na região. No entanto, o país registrou uma inflação de 5,1% ao ano em maio, com aumentos nos preços de alimentos e combustíveis de 6,2% e 7,8%, respectivamente, segundo o Banco Central.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito