AUDIOVISUAL

Documentário narra retomada da terra ancestral pelos Mbya Guarani em Cachoeirinha (RS)

Projeto de moradora da cidade em parceria com os indígenas ficou em 1º lugar no edital da Lei Paulo Gustavo do município

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Retomada Mbyá Guarani localizada dentro do Mato do Júlio iniciou em setembro de 2021 - Foto: Divulgação/Cena do documentário

A comunidade indígena Mbya Guarani, residente no Mato do Júlio há mais de dois anos, está finalizando um documentário que será uma importante contribuição para a divulgação de sua cultura e história. Dirigido pela socióloga e produtora audiovisual Andresa Paiva, também moradora de Cachoeirinha, o projeto foi submetido ao edital audiovisual da Lei Paulo Gustavo do município, onde conquistou o primeiro lugar na classificação geral.

O documentário é resultado de uma parceria entre a Andresa Paiva e a comunidade indígena, com o objetivo de apresentar a Tekoa Karanda’ty à população de Cachoeirinha e região. Todo o projeto, desde a concepção até a execução, está sendo realizado de forma colaborativa, com a participação ativa dos membros da comunidade.

Intitulado Retomando Raízes, o documentário explora o processo de retomada da terra ancestral, o conflito territorial, a importância da agricultura e a profunda relação da comunidade com a natureza. Diversos moradores da comunidade indígena deram depoimentos à Andresa, das crianças aos anciãos, incluindo o pajé Alexandre Acosta e a sua esposa, Claudia Fernandes.

A diretora do filme destaca a oportunidade que o documentário será para conhecer a riqueza cultural da comunidade e de, em tempo de catástrofe climática, aprender com os maiores defensores da preservação ambiental. “Muitos moradores de Cachoeirinha sequer imaginam a beleza natural presente no Mato do Julio, nem que há uma comunidade indígena preservando suas raízes culturais enquanto vive em harmonia com a natureza”, afirma.


Alexandre Acosta é liderança da Tekoa Karanda’ty / Foto: Divulgação/Cena do documentário

Comunidade como parte do projeto

Andresa conta que tem sido um privilégio acompanhar de perto o dia a dia da comunidade indígena que a concedeu permissão e confiança para executar o documentário junto com eles. Para ela, o projeto é o maior desafio em sua carreira, tanto em termos de duração quanto de recursos e equipe.

“No início, tive bastante receio e preocupação com o projeto, querendo evitar a todo custo uma visão externa superficial sobre a comunidade. Compreendi que, para evitar isso, era necessário fazer com que a comunidade se sentisse parte do projeto. Assim, formamos uma equipe mista, composta por não indígenas e indígenas, dando às lideranças da comunidade total liberdade para opinar sobre o que faz sentido para eles. Eles assistirão a uma prévia do documentário antes de sua divulgação”, revela.

Todo o processo de produção do documentário está sendo publicado na página do Instagram @retomandoraizes. “Lá, temos percebido um interesse genuíno das pessoas em conhecer a comunidade. Disponibilizamos também um formulário para que aqueles interessados em organizar uma exibição comentada do documentário em instituições sociais e de ensino pudessem manifestar interesse. Até agora, surpreendentemente, recebemos mais de 54 respostas de interessados.”

A estreia especial está prevista para o final de julho e contará com a presença de toda a comunidade e convidados. Após a estreia, o documentário será disponibilizado no YouTube, incluindo recursos de acessibilidade. Posteriormente, a equipe do documentário realizará exibições comentadas em instituições sociais e de ensino, o qual faz parte da contrapartida do projeto cultural.


 
 

 

 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira