Legislativas

Eleições legislativas na França: Extrema direita à frente, esquerda avança e Macron afunda, dizem projeções

Coalizão de extrema direita teria 34% dos votos, enquanto aliança da esquerda mais de 29%; 2º turno ocorre no dia 07

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Franceses foram às urnas neste domingo (30) em eleições antecipadas - LUDOVIC MARIN / AFP

A extrema direita saiu em vantagem neste domingo (30) no primeiro turno de eleições legislativas na França. Projeções de boca de urna indicam que o partido Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados obtiveram mais de 34% dos votos, mas terão que esperar pelo segundo turno, em 7 de julho, para saber se alcançam a maioria absoluta na Assembleia Nacional.

Em segundo lugar aparece a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que teria mais de 29% dos votos, um desempenho que poderia colocar a aliança como segunda força no Parlamento.

A grande derrota deve ser das forças de direita e de centro que apoiam o atual presidente Emmanuel Macron, que ficariam em terceiro lugar. A  aliança governista teria entre 20,5% e 21,5%, segundo as primeiras estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos no fechamento das urnas.

Segundo turno será decisivo

Com uma participação recorde, às 17h locais, três horas antes do fechamento das urnas, a taxa de votação atingiu 59,39%, 20 pontos a mais do que no mesmo horário em 2022, segundo o Ministério do Interior francês.

No entanto, o número de assentos conquistados por cada coalizão ainda é incerto e a composição final da Assembleia Nacional deve ficar sob uma nova dinâmica de forças.

Os 577 deputados são eleitos em cada distrito com um sistema de dois turnos. Dependendo dos resultados de cada zona eleitoral, dois, três ou mais candidatos podem ir para o segundo turno. 

As primeiras projeções deste domingo variam entre uma maioria simples ou absoluta na Câmara baixa.

A coalizão de esquerda Nova Frente Popular, que reúne socialistas, comunistas e ecologistas, aliados do partido França Insubmissa (LFI), prometeu retirar seus candidatos se ficarem em terceiro lugar, para aumentar as chances do candidato governista contra um da extrema direita.

Pressionado para adotar uma política semelhante em relação à esquerda, Macron já insinuou que sua política de voto será contra os "extremos" o que, em sua opinião, também incluiria a coalizão de esquerda.

O presidente viu sua popularidasde despencar após a derrota que sofreu nas eleições europeias, o que serviu de gatilho para que ele convocasse o pleito deste domingo de maneira antecipada.

Por que a França foi às urnas?

As eleições foram convocadas por Macron após derrota surpreendente - e grande vitória da extrema direita -  nas eleições do Parlamento Europeu no início do mês. O presidente tem a prerrogativa de dissolver o Parlamento e chamar um novo pleito. 

A decisão arriscada de Macron - de convocar eleições - não só põe em risco os assentos da sua coligação no Parlamento, mas também ameaça a estabilidade política e as perspectivas futuras do seu projeto político durante os três anos restantes do seu mandato presidencial.

O RN já anunciou que, se conseguir a maioria absoluta com seus aliados, irá indicar como primeiro-ministro o jovem líder Jordan Bardella, que aos 28 anos levou seu partido à vitória nas eleições europeias.

Fundado em 1972 como Frente Nacional, o partido foi liderado durante décadas pelo político extremista Jean-Marie Le Pen, conhecido pelas suas posições controversas e condenações por negar o Holocausto e proferir discursos de ódio. Sob a liderança de Marine Le Pen, filha de Jean-Marie Le Pen, o partido foi rebatizado como Reagrupamento Nacional em 2018, para se afastar da imagem negativa associada ao seu fundador.

Em contrapartida, a Nova Frente Popular surge como alternativa ao governo macronista e à crescente influência da extrema direita. Defendendo uma mudança radical na Constituição francesa para estabelecer uma "Sexta República", a frente de esquerda propõe medidas econômicas concretas, como o aumento do salário mínimo e o aumento do investimento estatal nos serviços públicos.

*Com AFP

Edição: Lucas Estanislau