México e Equador entram em campo neste domingo (30) para disputar a 3ª rodada da Copa América. Se dentro de campo a disputa é esportiva, fora dele os dois países vivem uma tensão diplomática que dura mais de 2 meses. A presidenta eleita do México, Claudia Sheinbaum, toma posse só no dia 1º de outubro, mas já garantiu que vai manter a posição do atual mandatário Andrés Manuel Lopez Obrador de “não dialogar” com o Equador, após a invasão da embaixada mexicana em Quito.
Segundo ela, as condições estão claras: o governo equatoriano precisa pedir desculpas e conceder asilo ao ex-vice-presidente Jorge Glas no México.
Policiais do Equador usaram a força para invadir em 5 de abril a embaixada do México no Equador e prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro. A ação foi feita no mesmo dia em que o México concedeu asilo político a Glas, decisão que aprofundou a tensão diplomática entre os dois países.
Sheinbaum foi eleita presidenta do México em 2 de junho. Para ela, o Equador violou uma série de normas internacionais e não é possível mais “sentar para conversar”.
“O Equador fez uma violenta agressão à embaixada do México. Invadiu violentamente, agrediu diplomatas mexicanos. No momento que aconteceu nós apoiamos a decisão de romper relações. Violaram todas as regras internacionais. Então não é um assunto de sentar e conversar. O que o México pede é uma desculpa e a reparação do dano e, por outro lado, para o vice-presidente. Ele tem direito de asilo no México. O direito de asilo concede o país que dá. Por isso, estamos de acordo com a decisão de López Obrador", disse em entrevista coletiva.
Uma semana depois da invasão, o México apresentou um pedido à Corte Internacional de Haia para que o Equador seja suspenso como integrante da ONU e que seja iniciado seu processo de expulsão da organização. O governo equatoriano rebateu e disse que os mexicanos “abusaram” das normas diplomáticas para proteger Glas.
Quem é Jorge Glas
O ex-vice-presidente Jorge Glas governou o Equador ao lado de Rafael Correa entre maio de 2013 e novembro de 2017, quando passou a enfrentar acusações de corrupção após uma guinada à direita no governo do país.
O político também foi vice-presidente no início do governo de Lenín Moreno, com o qual rompeu politicamente, o que motivou a sua expulsão do comando do país.
Na era Correa, Glas foi um dos principais líderes do projeto chamado "Revolução Cidadã", uma coalizão com partidos de esquerda e movimentos populares que ampliou direitos sociais e buscou romper com a política econômica neoliberal.
Glas foi condenado duas vezes, em 2017 e 2020, a seis e a oito anos de prisão, respectivamente. Entre as provas usadas contra ele estavam documentos levantados pela Operação Lava Jato relacionados a contratos das empreiteiras OAS e Odebrecht no Equador.
O ex-vice de Rafael Correa foi acusado de desviar dinheiro público usado na reconstrução de cidades atingidas por um terremoto.
Segundo a defesa do político equatoriano, porém, a acusação é fruto de lawfare, que significa o uso da Justiça para fins de perseguição política, similar ao processo que atingiu o presidente Lula (PT).
Edição: Lucas Estanislau