O presidente Lula da Silva voltou a refutar o título de "pai dos pobres" durante ato de inauguração de unidades habitacionais na comunidade do Aço, no Rio de Janeiro, neste domingo (30). O título, originalmente atribuído ao ex-presidente Getúlio Vargas pela propaganda do Estado Novo, também foi dado ao petista em razão dos diversos programas sociais desenvolvidos ao longo de três mandatos na presidência.
"Eu não sou o pai dos pobres. Na realidade, eu sou um de vocês", afirmou o presidente. Lula narrou episódios difíceis da sua própria biografia, em que ele relembra as condições precárias de moradia que ele encontrou em São Paulo assim que saiu de Pernambuco.
Na véspera, durante ato em São Paulo ao lado do pré-candidato Guilherme Boulos(PSOL), o presidente também rejeitou o título. Na ocasião, ele anunciou a construção de dois Institutos Federais nas comunidades de Jardim Ângela e Cidade Tiradentes.
Lula também elogiou o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o classificou como um dos melhores administradores do país. "Eu tenho muita amizade com prefeitos, mas queria dizer que estou aqui diante do possível melhor gerente de prefeituras que esse país já teve, que é o Eduardo Paes."
Neste domingo, os dois participaram do lançamento de um conjunto habitacional na comunidade do Aço, que terá 44 unidades, beneficiando cerca de 4 mil pessoas. No mesmo dia, já foram entregues os três primeiros blocos. 16 famílias já receberam as chaves durante a solenidade.
"Eu estou emocionado com as pessoas que vão receber essas casas. Quando saímos da presidência, foram entregues 7,8 milhões de casas. No entanto, nos últimos seis anos, as obras pararam. Retomamos as obras do Minha Casa Minha Vida para recuperar a dignidade do povo", discursou o presidente.
Criada após uma tragédia climática nos anos 1960, a favela do Aço, no Rio de Janeiro, é resultado de um conjunto habitacional chamado Paciência, criado para abrigar os atingidos pela tempestade. O número de famílias no local aumentou de forma acelerada e, na época, a solução encontrada foi acomodar os novos moradores em casas provisórias, conhecidas como casas-vagões.
Na solenidade, o prefeito carioca fez uma espécie de autocrítica ao reconhecer que demorou para executar a obra e que só agora, no atual mandato, conseguiu priorizar os investimentos na área.
Durante discurso, Lula elogiou o trabalho feito por Eduardo Paes e até recordou divergências passadas.
"Eu e esse moço, a gente não se dava bem. Eu não conhecia o Eduardo, mas sabia que como deputado ele batia muito em mim. Em 2008, eu já presidente da República, me aparece o governador do Rio de Janeiro com essa figura e pede pra mim: 'presidente Lula, eu tô aqui com o candidato Eduardo Paes. Seria importante a gente ajudar ele a ganhar as eleições'', recordou.
Edição: Lucas Estanislau
