A discussão por um pedido de renúncia do atual presidente Joe Biden de sua candidatura para a Casa Branca nas eleições presidenciais dos Estados Unidos ganhou força nesta terça-feira (2) com declarações públicas de integrantes do partido Democrata.
A ex-presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos pelo partido, Nancy Pelosi, disse, nesta terça, que considera "legítimo" questionar a aptidão do presidente para o cargo após seu péssimo desempenho em debate televisionado com o rival republicano, Donald Trump.
"Acho que é uma pergunta legítima de se fazer: 'Isso é um episódio ou uma condição?'", disse Pelosi à rede MSNBC quando questionada sobre Biden, que tropeçou muitas vezes nas palavras e perdeu a linha de raciocínio no debate de quinta-feira – exacerbando os temores sobre sua idade e aptidão mental.
Ainda nesta terça, após a manifestação de Pelosi, Lloyd Doggett se tornou o primeiro parlamentar democrata a pedir publicamente a Joe Biden que se retire da corrida pela Casa Branca.
"Reconhecendo que, ao contrário de Trump, o primeiro compromisso do presidente Biden sempre foi com o nosso país, e não consigo mesmo, tenho esperança de que ele tome a dolorosa e difícil decisão de se retirar. Eu respeitosamente peço a ele que faça isso", disse em uma declaração.
Pesquisa
Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela CNN aumentou ainda mais o pavor no campo democrata: 75% dos eleitores entrevistados acreditam que o partido teria mais chances em novembro com outro candidato.
Trump alcança 49% das intenções de voto a nível nacional, contra 43% de seu rival, uma diferença que não mudou desde a última pesquisa semelhante realizada em abril.
A vice-presidente Kamala Harris, embora não vença, teria uma posição melhor, com 45%, contra os 47% do ex-presidente republicano.
Outros possíveis candidatos democratas, alguns pouco conhecidos pelo público em geral, enfrentariam Donald Trump com pontuações semelhantes às do atual presidente, apesar de sua falta de notoriedade, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, o secretário de Transportes, Pete Buttigieg, e a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.
Trump consegue imunidade parcial
Na segunda-feira (1), a Suprema Corte dos EUA determinou que o ex-presidente Donald Trump tem imunidade limitada em relação aos crimes em que é acusado na justiça federal do país. A sentença pode atrasar ainda mais o processo que ele enfrenta por tentativa de anular a derrota que sofreu nas eleições de 2020, contra o atual presidente Joe Biden.
Trump é acusado de conspirar para permanecer no poder e de incentivar a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, enquanto ainda ocupava a presidência, antes da posse de Biden. O julgamento deveria ter começado em março, mas a Suprema Corte concordou, um mês antes, em examinar o argumento sobre a imunidade presidencial, deixando o caso em suspenso.
Aprovada por seis votos de juízes conservadores contra três dos progressistas, a decisão da Suprema Corte determina que os presidentes têm "imunidade absoluta" em processos criminais por "atos oficiais" durante seu mandato, mas ainda podem enfrentar sanções penais por "atos não oficiais".
Pouco depois da decisão da Suprema Corte, a defesa do republicano apresentou um documento escrito ao juiz Juan Merchan, da Promotoria Pública de Manhattan, para solicitar a anulação do veredicto do júri popular no final de maio que o declarou culpado de 34 crimes por ocultar o pagamento de US$ 130 mil (R$ 726 mil na cotação atual) a uma ex-atriz de filmes adultos, para que ela não o prejudicasse nas eleições de 2016.
Se Merchan, que terá a palavra final, decidir adiar a data da sentença, isso significa que ela será provavelmente anunciada após a convenção republicana, marcada para 15 a 18 de julho em Milwaukee, na qual Trump, já condenado, deverá ser oficialmente nomeado como candidato para as eleições presidenciais de novembro.
Ex-assessor de Trump, Steve Bannon é preso
O ideólogo populista americano de extrema direita e ex-assessor de Donald Trump na Casa Branca, Steve Bannon, ingressou na segunda-feira (1º) em uma prisão federal dos Estados Unidos para cumprir sua condenação por obstruir a investigação parlamentar sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, observou um fotógrafo da AFP.
Steve Bannon, de 70 anos, terá que passar quatro meses atrás das grades, depois de um juiz ter rejeitado um dos seus múltiplos recursos para suspender a sentença.
Vestindo calças cinza e camisa preta, ele foi recebido do lado de fora do prédio da prisão por apoiadores que agitavam bandeiras "Trump 2024". Entre eles estava a congressista Marjorie Taylor Greene, uma das mais ferrenhas defensoras de Trump, que o abraçou diante das câmeras.
Embora não trabalhe mais oficialmente para Trump, Steve Bannon voltou a lhe dar o seu apoio nesta segunda-feira e prometeu que usaria toda a sua influência para promover vitória do republicano, principalmente por meio do seu podcast, que continuará mesmo sem ele.
*Com AFP
Edição: Leandro Melito