Segundo turno

Iranianos definem presidente entre candidato moderado e ultraconservador nesta sexta

No primeiro turno, o único reformista que teve a candidatura autorizada, terminou na frente com 42,4% dos votos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O candidato presidencial reformista iraniano Masoud Pezeshkian cumprimenta seus apoiadores do lado de fora de uma seção eleitoral em Teerã, em 5 de julho de 2024 - ATTA KENARE / AFP

Quase 61 milhões de iranianos estão registrados para comparecer às urnas nesta sexta-feira (5) para o segundo turno das eleições presidenciais do país. O pleito será definido entre o deputado reformista Masud Pezeshkian e o candidato ultraconservador Said Jalili para substituir o presidente Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio.


Um homem iraniano vota com sua família em uma seção eleitoral em Teerã, em 5 de julho de 2024 / RAHEB HOMAVANDI / AFP

No primeiro turno, Pezeshkian, o único moderado reformista que teve a candidatura autorizada, recebeu 42,4% dos votos, contra 38,6% de Jalili. Pezeshkian é um médico de origem azeri, de 69 anos, que afirma sua lealdade à República Islâmica, mas defende uma aproximação entre o Irã e os países ocidentais, com os Estados Unidos à frente, para acabar com as sanções que afetam a economia.

Ele tem o apoio de vários ex-presidentes, como o reformista Mohammad Khatami e o moderado Hassan Rohani. 

Seu rival, Jalili, de 58 anos, é conhecido por ser partidário de uma política inflexível diante das potências ocidentais, uma posição que demonstrou quando foi o negociador do programa nuclear iraniano. Ele recebeu, entre outros, o apoio do presidente do Parlamento, Mohammad-Bagher Ghalibaf, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 13,8% dos votos. 

Os candidatos que disputam o segundo turno participaram de dois debates, nos quais apresentaram suas visões sobre os problemas econômicos, as relações internacionais, a baixa participação eleitoral e as restrições à internet.

Os dois expressaram preocupação com a baixa participação no primeiro turno. 

O líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, a principal autoridade do país, votou pouco depois da abertura das seções eleitorais, às 8h locais (1h30 de Brasília). 

Em um vídeo exibido pela televisão estatal na quarta-feira (3), Khamenei admitiu que a participação "não foi a esperada" no primeiro turno, mas afirmou que este comportamento não representa um ato "contra o sistema" e pediu uma participação maior no segundo turno. "O segundo turno das eleições presidenciais é muito importante", disse o aiatolá.

A diminuição gradual da participação dos eleitores é uma das principais preocupações no Irã. Durante as últimas eleições presidenciais de 2021, a participação eleitoral foi de 48%. Caiu ainda mais para cerca de 40% nas eleições parlamentares do país no início deste ano. A taxa de participação no primeiro turno, na semana passada, foi de apenas 39,92%, o menor nível nos 45 anos da República Islâmica.

As eleições presidenciais estavam programadas inicialmente para 2025, mas foram antecipadas pela morte de Raisi em um acidente de helicóptero em 19 de maio e acontecem em um cenário de descontentamento da população com a crise econômica, consequência da pressão das sanções ocidentais. A votação é acompanhada de perto pela comunidade internacional devido às tensões no Oriente Médio com a guerra em Gaza e a disputa do Irã com os países ocidentais por seu programa nuclear.

*Com AFP

Edição: Leandro Melito