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Bem Viver: comuna venezuelana garantiu sustento de trabalhadoras durante crise e segue abastecendo bairros

Programa traz experiência coletiva da comuna Lanceros de La Vitória, que vende produtos a baixo custo em Caracas

Caracas (Venezuela) |
Comunas venezuelanas têm rede de lojas para vender produção em Caracas - Hecho en Comuna

Produzir para abastecer e garantir a fonte de renda. É assim que as comunas venezuelanas organizam o trabalho coletivo que, nos tempos mais duros de crise no país, ajudaram a população a manter as condições básicas de vida. 

Nesta edição, o Bem Viver, programa do jornal Brasil de Fato, traz a experiência da comuna Lanceros de La Vitoria, em Caracas, que conseguiu não só fazer uma produção que desse conta das necessidades dos moradores da região de Caricuao, mas também criou um sistema com vários produtos que expandem os limites do bairro e chegam a outras cidades e estados da Venezuela.

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Uma das principais produções é a de sabão. Feito a partir de aveia e glicerina, mais de 2 mil sabonetes por mês são produzidos por uma organização de oito mulheres, encabeçada Rosa Meléndez. 

Os produtos são vendidos não só para os moradores, mas também para lojas da cidade e até hotéis. Três sabonetes são vendidos por 1 dólar, o equivalente a 5 reais. O valor está abaixo do mercado convencional, no qual um sabonete apenas custa, em média, 1 dólar. O excedente da venda é usado para o próprio banco comunero para reinvestir na estrutura do bairro.

“Uma vez que já temos a produção, cooperamos também com um fundo de reinvestimento social para cobrir as necessidades e problemáticas do território. Agora estamos reabilitando diferentes lugares da comuna e estamos preparando um espaço que será um centro de produção e distribuição de produtos de limpeza e higiene pessoal. Parte desse fundo é usado para a adequação dos espaços, compramos tubos estruturais, areia, cimento, tubos para conexões de água, tudo isso para poder adequar os espaços”, afirma Rosa Meléndez.

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Chamada de Unidade de Produção Familiar Julimar, o grupo também tem como foco a produção de produtos de limpeza. Se antes todo trabalho era feito na própria casa das mulheres, um edital lançado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia viabilizou, nos últimos meses, a expansão da produção da comuna, que agora terá um laboratório próprio. 

Segundo Meléndez, isso vai reduzir os custos e dinamizar a cadeia de produção, o que vai impactar no preço para os moradores das comunas e outros consumidores. O objetivo é produzir 4 mil sabonetes por dia, tendo em vista que a produção será feita por máquinas, e, com isso, vender diretamente do produtor ao consumidor para romper com a cadeia de intermediários.

“As famílias aqui reclamam muito dos preços que pagam nos mercados. Se compram uma coisa, não tem dinheiro para comprar outra. E nós, tendo isso em vista, fizemos uma agenda concreta de ações para o plano de desenvolvimento econômico comunal de Lanceros de La Victoria. E por meio dessa agenda concreta de atividades, dar uma resposta a nossa comunidade para criar o centro de produção de produtos de limpeza”, explica.

Alimentação

A alimentação também é uma preocupação da comuna. Para isso, a porta-voz da comuna, Jennifer Martinez, cria codornas para vender ovos e abastecer a região. A produção de ovos, que começou em 2014 em seu próprio apartamento, ganhou um espaço que comporta agora 500 codornas. 

Por estar em processo de renovação das aves que terminaram o ciclo de produção, o galinheiro tem hoje 100 codornas que produzem 1,5 mil ovos por mês. O objetivo é vender para os moradores de Caricuao e abastecer a região. A produção, no entanto, cresceu e atinge outros estados a partir da venda online. 

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“Atualmente, eu cubro com minha produção toda a região da UD4 e parte de Caricuao. Tenho clientes fixos. Saio para vender por toda essa zona. A produção que tenho aqui e tenho clientes de outros setores que, quando eles querem, me ligam, perguntam se há disponibilidade e vem retirar”, afirmou Jennifer Martinez.

De acordo com ela, as codornas surgiram como uma solução por conta do espaço, tempo de produção e valor nutricional. As codornas demoram 45 dias para colocar os primeiros ovos, enquanto as galinhas de granja demoram meses. O espaço ocupado pelas codornas também é menor e os ovos tem uma concentração maior de nutrientes e vitaminas. 

A ideia surgiu a partir da família do marido de Jennifer, que já tinha uma produção granjeira no estado de Carabobo. Eles cuidavam de aves em um espaço separado na própria casa e sempre tiveram a criação como uma fonte de renda. Ela se inspirou e começou a fazer uma criação com galinhas. Os ovos eram levados para Caracas para serem vendidos. A logística tornou aquela produção pouco prática e Jennifer teve a ideia de trazer a produção para sua casa na capital.

Sanções econômicas

As sanções impostas pelos Estados Unidos complicaram a condição econômica de muitos venezuelanos, que passaram a buscar outras fontes de renda. Por serem aves menores, a criação de codornas se tornou mais útil para Jennifer, que começou com a produção caseira.

“Começamos na minha casa, testando a forma de incubar, porque queríamos todo o ciclo, não só os ovos, mas tentando fazer como reproduzir, tirar os ovos, ter as nossas próprias codornas, nosso próprio alimento. Começamos a ter todas essas perguntas, essas dúvidas e tínhamos vontade de completar todo o processo, o ciclo completo”, disse.

Quando as sanções se agravaram, os venezuelanos começaram a ver uma escassez de produtos de primeira necessidade nos mercados. A organização para suprir a falta de alimentos e produtos de higiene passou a ser fundamental para os trabalhadores.

As unidades de produção familiares ajudaram a superar as dificuldades no período mais grave da crise. Segundo Meléndez, isso foi fundamental para garantir o sustento das famílias.

“A Unidade de Produção Familiar Julimar nasce em plena guerra econômica, porque estavam desaparecendo todos os produtos de primeira necessidade para as mulheres, que são o bastião da revolução, em especial, os produtos de cuidado pessoal. Nós criamos a unidade de produção familiar, registramos no Ministério das Comunas e formamos a unidade de produção familiar que está toda minha família. O presidente Nicolás Maduro fez um chamado ao povo venezuelano e, em especial, às mulheres, para combater essa guerra econômica”, afirmou.

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Na TV Brasil (EBC), segunda-feira às 6h30.

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET. 

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET. 

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital. 

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital. 

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET. 

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17. 

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, Itunes, Pocket Casts e Deezer.

Edição: Marina Duarte de Souza