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MP da Venezuela investiga articulação da extrema direita com grupo paramilitar colombiano para desestabilizar o país

Plano teria sido divulgado pelo próprio grupo colombiano; segundo MP, a ideia era atacar a infraestrutura elétrica

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
arek William Saab afirmou que as investigações já começaram e apresentou dois vídeos que seriam dos paramilitares colombianos fazendo essa denúncia - Juan BARRETO / AFP

O Ministério Público da Venezuela disse nesta segunda-feira (8) que está investigando uma articulação da extrema direita venezuelana com o grupo paramilitar colombiano Autodefensas Conquistadoras de la Sierra (ACSN) para desestabilizar a política venezuelana. A denúncia foi feita pelo próprio grupo colombiano, que afirmou “não se intrometer” em assuntos internos de outros países. 

O MP venezuelano disse ter contatado  o governo colombiano para cooperação nessas investigações. O procurador da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que as investigações já começaram e apresentou dois vídeos que seriam dos paramilitares colombianos denunciando o plano. 

Na suposta declaração, o grupo afirma que a extrema direita foi atrás das unidades no departamento de La Guajira, na fronteira com a Venezuela para propor um plano de ataques sistemáticos contra a estrutura elétrica do país antes do pleito do dia 28 e a desestabilização política caso Maduro vença o pleito.

Segundo o MP venezuelano, o ataque seria feito pouco antes das eleições e visaria a infraestrutura do país e o presidente Nicolás Maduro, que busca a reeleição para o terceiro mandato. Ainda de acordo com Tarek William Saab, caso o mandatário conquistasse a reeleição, o grupo começaria uma confrontação direta, promovendo manifestações violentas em diferentes cidades desde a fronteira até Caracas. 

“Este vídeo foi divulgado amplamente por meios colombianos. Tem pessoas que gostariam de dizer falsamente que foram os meios venezuelanos que divulgaram isso. Mas canais importantes colombianos como Caracol, publicaram essa notícia”, afirmou o procurador. 

O presidente Nicolás Maduro também comentou o caso. Ele disse que recebeu informações “muito graves” de chefes da inteligência, policial e militares e afirmou que a Venezuela está em uma “batalha pelo direito à paz”. Em declaração no programa Con Maduro De Repente, o mandatário pediu que Tarek William Saab assumisse a investigação.

O procurador respondeu em seu perfil no X (ex-Twitter) e anunciou que determinou que as investigações serão conduzidas pela procuradoria número 83. 

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, também publicou uma nota das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) afirmando que não será tolerado nenhum ato de violência durante a campanha. Segundo o documento, a tentativa de sabotar o Estado venezuelano “esbarrou na posição firme e determinada do povo venezuelano e das suas Forças Armadas, que numa perfeita fusão cívico-militar, souberam responder”

“Não é estranho que este setor radical da oposição recorra mais uma vez ao guião da violência; Basta recordar os acontecimentos extremistas dos últimos anos em que a sua participação foi demonstrada de forma confiável. A extrema direita procura exibir o seu lado antidemocrático em vésperas de um dia eleitoral”, diz o texto. 

Essa não é a primeira vez que Maduro denuncia planos de ataques contra o país e até tentativas de ataques contra ele. Em janeiro deste ano, o Ministério Público anunciou ter realizado 5 operações que prenderam suspeitos de planejar ataques contra o presidente e atentados para desestabilizar o país. O presidente disse também que o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe havia participado de outros planos "terroristas" para atacar o país.

Em abril, o presidente disse ter provas de que o Comando Sul dos Estados Unidos instalou uma base militar na fronteira com o país vizinho. “No território da Guiana Essequiba instalaram bases militares secretas do Comando Sul e núcleos da CIA para preparar ataques contra a população de Tumeremo, no sul e leste da Venezuela e para preparar uma escalada contra a Venezuela”, disse Maduro.

Edição: Rodrigo Durão Coelho