EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Rio Grande do Sul deixa de arrecadar R$ 1 bilhão em ICMS nos meses após enchentes

Boletim Econômico-Tributário da Receita Estadual mostra queda de 13,2%; previsão era de R$ 7,9 bi entre maio e junho

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Setores com maiores quedas em maio foram os de supermercados, calçados e vestuário e transportes - Foto: Jorge Leão

As enchentes no Rio Grande do Sul geraram uma redução de R$ 1,04 bilhão diante dos R$ 7,91 bilhões previstos para o período entre 1º de maio e 30 de junho na arrecadação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços (ICMS) do estado. Em termos percentuais, a redução é de 13,2%. Os números estão na 7ª edição do Boletim Econômico-Tributário da Receita Estadual.

Analisando os meses isoladamente, a queda foi maior em maio, com variação negativa de 17,3% (R$ 690 milhões) entre o realizado e o previsto para o período. Já no mês de junho houve redução de 8,9% (R$ 350 milhões). Isso ocorreu porque os valores do ICMS arrecadados em junho consideram também cerca de R$ 818 milhões que venciam em maio – ou seja, foram pagos após o período normal, até mesmo em razão da prorrogação de prazos disponibilizada pelo governo gaúcho.

Como uma das medidas tributárias anunciadas no início da crise, as guias com vencimento entre 24 de abril e 31 de maio tiveram a quitação estendida para 28 de junho. Além dos impactos das enchentes e dos prazos prolongados, as variações na arrecadação também estão associadas às alterações na legislação do ICMS, às variações na atividade econômica e à redução da capacidade de pagamento por parte das empresas.

Segundo a Secretaria da Fazenda (Sefaz), embora exista uma perda de ritmo na queda da arrecadação, é possível constatar redução nos dois meses – e, para julho, seguem a perspectivas de perdas, que estão sendo constantemente monitoradas pelas equipes, conforme o mapeamento dos efeitos da catástrofe sobre a economia do estado.

Arrecadação por setor

Conforme o levantamento, os setores com maiores quedas em maio foram: supermercados (-52,4%), calçados e vestuário (-49,4%) e transportes (-49,2%). Os segmentos de combustíveis e lubrificantes (10,7%) e de energia elétrica (4,6%) foram os únicos a registrar alta no período. Já em junho, as maiores reduções ocorreram nos setores de bebidas (-35,5%), polímeros (-20,8%) e combustíveis e lubrificantes (-14,7%).

Demonstrando a recuperação gradual da atividade econômica, sete setores tiveram crescimento no mês, com destaque para produtos vegetais (21,2%), comunicações (13,4%) e supermercados (5%).

Vendas nas áreas inundadas

Os dados são corroborados pela análise do valor das operações de empresas localizadas nas regiões inundadas. As vendas a consumidores finais registraram baixa de 21%, e as vendas entre empresas caíram 5% na comparação da média dos últimos sete dias com o período anterior às enchentes. No pior momento da crise, esses índices chegaram a ser de -83% e -79%, respectivamente.

O número de empresas que emitiram notas fiscais nas áreas inundadas também caiu, considerando o mesmo período comparativo: a quantidade de empresas vendendo para consumidor final baixou 29%, e a quantidade de empresas emitindo notas para outras empresas caiu 14%.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira