EXEMPLO

Gustavo Petro reforça ideia de acordo entre governo e oposição na Venezuela pelas eleições

Presidente da Colômbia disse que acordos do governo colombiano com grupos guerrilheiros podem servir de modelo

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Petro pediu também que sejam levantadas as sanções contra a Venezuela - Presidência Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propôs nesta quarta-feira (10) um acordo entre o governo e a oposição na Venezuela para que as duas partes respeitem o resultado das eleições, marcadas para 28 de julho. A ideia é que “todas as vozes sejam ouvidas” em um processo parecido com o que foi feito nos diálogos de paz no país vizinho.

“Na minha opinião, o que proponho para a Colômbia é válido para a Venezuela. Um acordo nacional que, no caso venezuelano, busque garantias máximas para a oposição, respeitando o próximo resultado eleitoral”, afirmou Petro em publicação em seu perfil na rede social X (ex-Twitter).

Os acordos a que Petro se refere fazem parte de uma política do governo colombiano para melhorar a relação com grupos guerrilheiros e promover acordos de cessar-fogo com diferentes grupos. 

O diálogo permanente com os grupos armados foi implementado pelo presidente colombiano desde o início do seu mandato em 2022. O mandatário transformou a "Paz Total" em uma política de Estado a partir da aprovação da lei 418, que firma o compromisso do Estado colombiano em manter contato para negociar o fim dos confrontos entre esses grupos.

Petro negocia com o Exército de Libertação Nacional (ELN), com o Estado-Maior Central (EMC), a Segunda Marquetalia e outros grupos para tentar pacificar o território. 

O chefe do Executivo colombiano também disse que um acordo entre as duas partes deve ser “elevado a um nível internacional” e ser feito de forma “unilateral do Estado”. Ele, no entanto, não detalhou como seriam feitas essas questões, mas reiterou que, com isso feito, os Estados Unidos devem levantar as sanções contra a economia venezuelana.

“O acordo feito pelas altas partes contratantes: o governo e a atual oposição devem, como fizemos na Colômbia com o acordo de paz, ser elevado como uma declaração unilateral de Estado perante a comissão de segurança para maior garantia de todas as partes. Uma vez assinado o acordo, todos os bloqueios económicos contra o povo venezuelano deverão ser levantados”, disse Petro.

A publicação de Petro incluía também um link com a notícia do jornal El Universal com uma declaração do presidente Nicolás Maduro pedindo um “diálogo amplo”. O mandatário venezuelano reforçou a sua ideia de convocar um “grande diálogo nacional” depois das eleições, com diferentes setores da sociedade para garantir a “paz, estabilidade, crescimento econômico e um novo modelo de sociedade”.

Essa é a segunda vez que Petro propõe uma forma de amenizar o clima entre governo e oposição na Venezuela. Em encontro com Maduro, em abril, ele sugeriu a realização de plebiscito antes do pleito do dia 28 de julho. A ideia é que a iniciativa garanta que o vencedor das eleições não persiga o perdedor, seja governo ou oposição. O próprio presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, concordou com a posição de Petro.

Na ocasião, Petro afirmou que a Venezuela já ajudou muito a Colômbia a resolver conflitos com grupos armados em governos anteriores e que Bogotá pode ajudar a promover a “paz política” venezuelana..

“A Colômbia pode ajudar muito na paz política, na estabilidade política em toda a América do Sul. A paz política na Venezuela pode ser também a paz armada na Colômbia. A paz política tem a ver com a segurança”, disse Petro.

Em junho, 8 dos 10 candidatos assinaram um acordo para reconhecer os resultados das eleições presidenciais. Somente o ex-embaixador Edmundo González Urrutia, do grupo Plataforma Unitária, e Enrique Márquez, do partido Centrados, não participaram.

Edição: Rodrigo Durão Coelho