À frente do Psol desde 1 de outubro de 2023, Paula Coradi comandará a legenda pela primeira vez em um processo eleitoral em 2024. A dirigente enfrentará uma conjuntura complexa, com a extrema direita se reorganizando, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, mas com a possibilidade real de governar a maior cidade do país, São Paulo, onde o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) aparece à frente nas pesquisas.
Em entrevista ao Brasil de Fato, a dirigente afirmou que a campanha de Boulos e do prefeito de Belém (PA), Edmílson Rodrigues (Psol), que tenta a reeleição, devem ser priorizadas na distribuição dos recursos do fundo eleitoral. O partido receberá R$ 126,8 milhões neste ano.
“Estamos construindo a nossa grande meta eleitoral, que é reeleger o Edmílson Rodrigues (em Belém), eleger o Guilherme Boulos e também lutar para ser protagonista e quem sabe vencer também em outras grandes cidades, como Niterói e Petrópolis, onde nós estamos muito bem também, segundo lugar. Em Franca [no interior de São Paulo] também temos uma boa oportunidade com o Guilherme Cortez. Tem o Marquito em Florianópolis, que está em segundo também”, listou Coradi.
A presidenta do Psol também falou sobre o imbróglio envolvendo a pré-candidatura da deputada estadual Dani Portela (Psol), à prefeitura do Recife e das negociações com o PT em Florianópolis para que o pré-candidato Vanderlei Lela (PT) desista da corrida eleitoral para apoiar Marquito (Psol), que aparece à frente em todas as pesquisas de intenções de voto.
Confira a entrevista na íntegra:
Brasil de Fato: As primeiras pesquisas estão mostrando que o cenário para as pré-candidaturas de esquerda nas capitais é complexo, poucas são competitivas. Como você avalia a conjuntura nacional? É possível imaginar uma ascensão da esquerda nas capitais?
Paula Coradi: Bem, como você bem disse, o cenário está complexo, está mais dificultoso, mas a gente também acredita na força das ideias e que nós, do campo progressista, a esquerda no Brasil, é quem está trazendo a mensagem da democracia, da esperança de que é possível fazer cidades boas para quem vive nela. Que é possível mudar a lógica da maioria das cidades hoje, trazer justiça social, dignidade, moradia, mobilidade urbana, fazer com que as cidades sejam antirracistas, cidades que sejam boas para as mulheres que vivem nelas, para as mães, enfim. Nós acreditamos também na força das nossas ideias e que nós vamos para essas eleições disputar e, com isso, mudar essa correlação de força que nós temos hoje. Embora seja difícil, temos nos empenhado muito para fazer essa disputa política e nós vamos para cima.
Brasil de Fato: A candidatura de Guilherme Boulos para a prefeitura de São Paulo talvez seja a mais bem colocada e a maior esperança do Psol. Nas últimas semanas, as pesquisas mostraram que o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), deve ser o principal adversário de Boulos e Pablo Marçal (PRTB) parece ter esfriado. O que você tem pensado dessas movimentações e o que projeta par as próximas semanas?
Nós estamos muito otimistas com o cenário, porque se o Nunes por um lado se consolidou, a nossa candidatura também está muito consolidada. Então mesmo sem a máquina, sem toda a estrutura que o Nunes dispõe hoje, ele sequer conseguiu nos ultrapassar com uma larga vantagem. Isso mostra que nós temos um eleitorado muito sólido e que vai nos levar para o segundo turno e no segundo turno nós vamos disputar para valer. O que eu posso dizer é que São Paulo nas últimas eleições de 2022, tanto Lula como (Fernando) Haddad venceram as eleições da cidade de São Paulo e isso nos dá uma grande esperança de conseguir atrair esse eleitorado para a candidatura do Guilherme Boulos, que representa o campo progressista, que representa a mudança em São Paulo. A gente está muito confiante de que vai dar certo, nós vamos vencer essas eleições e São Paulo vai ser a capital da esperança e do combate à extrema-direita.
Brasil de Fato: Uma das candidaturas mais interessantes do Psol neste ano é de Dani Portela, em Recife. Porém, há um impasse com a Rede, que forma a federação com vocês. O deputado Túlio Gadelha (Rede) tem dito que não abre mão de ser pré-candidato, o que inviabilizaria Portela. Como ficará esse imbróglio?
As convenções formais, onde se consolidam as candidaturas, vão acontecer de 20 a 5 de agosto. Nas convenções nós vamos dentro da federação defender o nome da Dani, ela é a nossa candidata, é a candidata do Psol e é a candidata que nós do Psol achamos que reúne as melhores condições de representar o nosso programa para as eleições em Recife.
Brasil de Fato: Está próximo também a partilha dos recursos do Fundo Eleitoral. A campanha de Boulos será priorizada? Existem outras prioridades?
Estamos construindo a nossa grande meta eleitoral, que é reeleger o Edmílson Rodrigues (em Belém), eleger o Guilherme Boulos e também lutar para ser protagonista e quem sabe vencer em outras grandes cidades, como Niterói e Petrópolis, onde nós estamos muito bem também. Estamos em segundo lugar lá. Em Franca também temos uma boa oportunidade com o Guilherme Cortez, tem o Marquito em Florianópolis, que está em segundo também. Então, temos um vasto leque de cidades para o nosso partido investir. Além do Rio de Janeiro, que é onde temos a maior bancada da Câmara de Vereadores da cidade. A partir dessa análise política, a nossa prioridade será também reeleger todos os vereadores e vereadoras. A nossa divisão de fundo vai respeitar a nossa tática eleitoral e vai respeitar também, claro, o tamanho das cidades. Então tudo isso está sendo levado em conta.
Brasil de Fato: Tenho acompanhado o debate em Florianópolis, onde PT e Psol têm dividido os votos que podem levar um dos dois ao segundo turno com maior consistência. Há alguma conversa com o PT para que Vanderlei Lela, que está atrás, abdique da pré-candidatura para fortalecer a campanha do Marquito, que parece ser mais competitiva?
Esse diálogo está aberto, temos conversado sobre isso, mas o PT colocou também as limitações em relação a um eventual apoio ao Marquito. Nós sempre estamos com o diálogo aberto, estamos com os canais de conversas muito abertos. A gente tem uma boa relação. Então seria muito importante se pudéssemos ter uma única candidatura lá em Floripa.
Edição: Nathallia Fonseca