O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, criticou a capacidade de comunicação do governo federal, que tem tido dificuldades de fazer chegar até a população os projetos e números sociais e econômicos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Nós ainda temos que melhorar na relação política, na comunicação, na própria forma de organização com vários setores da sociedade", afirmou Dias, em entrevista ao Brasil de Fato. "E digo que há um trabalho para alcançarmos ainda melhores resultados. O governo é muito maior do que a gente está conseguindo dizer."
O encontro com o ministro ocorreu após a reunião realizada, em São Paulo (SP), com movimentos populares e centrais sindicais, para definir a pauta do encontro dos militantes com Lula, que deve ocorrer em Brasília (DF), no próximo sábado (13), ou na capital paulista, no dia 20 de julho.
Na entrevista, o ministro falou sobre a relação com os movimentos, em especial com os evangélicos, e demonstrou confiança na aproximação do governo com o grupo.
"Nós temos condições de trabalhar tanto no social como em outras áreas, levando em conta o que o presidente Lula nos diz todo dia: que temos que cuidar das pessoas - das que são evangélicas, assim como das católicas, espíritas, enfim", explicou. "Nós temos pessoas que não têm moradia e é para elas que temos que chegar, através dos seus líderes, valorizando as suas organizações.”
Confira a entrevista na íntegra a seguir.
Brasil de Fato: Nós temos acompanhado as primeiras pesquisas eleitorais e um dos indicativos é uma dificuldade do PT de emplacar, nas capitais, algumas candidaturas, torná-las competitivas. Especificamente em Teresina (PI), temos já à frente o Fábio Novo, que começou atrás, mas virou, e a Maria do Rosário em Porto Alegre (RS). Mas eu queria que o senhor falasse um pouco da expectativa do partido para as eleições, especificamente nas capitais.
Wellington Dias: A eleição, eu gosto de comparar com a agricultura, ela tem um momento de plantar e tem um momento de colheita. Sempre que se tem uma boa colheita daquilo que se planta na política, ela também traz resultados de fortalecimento de quem coordena o projeto.
O presidente Lula foi eleito num ambiente muito tenso, num país muito desequilibrado, numa relação internacional muito complexa, porque muitos dos países com os quais sempre cativamos uma boa relação, tivemos problema no governo anterior. Nessa reconstrução, temos tido sucesso na relação internacional. O presidente Lula é hoje um dos mais importantes líderes do mundo, presidindo os principais fóruns, o G20, Brics, o Mercosul, enfim.
Agora, a aliança global contra a fome e a pobreza é uma aliança que tem um grande papel, que abraça a necessidade de maior responsabilidade para se conter as mudanças climáticas, uma nova governança nos organismos internacionais e uma política de paz, de boa relação com os países inteiro. Tivemos, também, o mais baixo nível de extrema pobreza da história do país, com isso, a mais baixa desigualdade e, ao mesmo tempo, tirando aqueles 33 milhões e 100 mil que estavam na insegurança alimentar, do mapa da fome.
Então, a volta da política de moradia, de energia, de comunicação, farmácia popular, o programa de aquisição de alimento, o plano safra, o programa da agricultura familiar... Tudo isso tem efeito nos 5.700 municípios do país. Isso aqui é extraordinário no projeto que ele trabalha. Ou seja, na maior parte dos lares do Brasil chega o governo federal. Na maior parte da população chega o governo federal.
É claro que isso vai dar resultado, mas esse resultado depende também da capacidade de organização partidária. O presidente cuida da governança, é um líder político, mas trabalha para que se tenha bons resultados. É claro que compete ao Partido dos Trabalhadores, aos demais partidos, a sua parte.
Andando pelo Brasil eu estou animado. Acredito que vamos ter crescimento em todos os estados. Quantos líderes de peso nós temos que estarão presentes [nas campanhas petistas] também participando, ajudando na construção das vitórias... Então, eu acredito que a gente tem boa possibilidade em várias capitais.
Cito Teresina, Fortaleza (CE), Natal (RN), na região nordeste, mas também Goiânia (GO), Rio Branco, no Acre, e Porto Alegre. Temos condições de disputar em Belém (PA) e em cidades da região norte. Agora mesmo estive em Santarém (PA). Ali, uma construção nos permite a condução de vitória.
Então, vamos ampliar o número de prefeitos e prefeitas, não só do Partido dos Trabalhadores, mas também com líderes que dão de maneira firme a sustentação, mesmo quando alguns partidos ainda tem divisões, mas são líderes que têm essa firmeza e também um crescimento na eleição do número de vereadores e vereadoras.
Falando sobre a comunicação do governo com um grupo social específico, que são os evangélicos. Eu li essa semana que o programa Acredita, no qual o senhor tem apostado na sua agenda, já tem sido utilizado pelo governo para se aproximar das igrejas. Ele tem sido apresentado a pastores nas periferias para que sirva de ponte para pequenos empreendedores nessas regiões. Essa seria a aposta ou o governo tem uma pretensão maior de diálogo e de aproximação com os evangélicos, que têm sido uma pedra no sapato de vocês?
Eu olho para a realidade brasileira e vejo que há um crescimento no número de pessoas que rejeitam a política e os políticos em geral. Digo que nós temos condições de trabalhar tanto no social como em outras áreas, levando em conta o que o presidente Lula nos diz todo dia: que tem que cuidar, cuidar das pessoas - as evangélicas, assim como as católicas, espíritas, enfim.
Nós temos pessoas que não têm moradia e é para elas que temos que chegar, através dos seus líderes, valorizando as suas organizações. Assim como a gente chega com um movimento vinculado aos agricultores, com moradia para um assentamento, para uma comunidade rural, assim como a gente chega com as organizações dos bairros.
Então, seguimos trabalhando essa aproximação tentando ganhar confiança, inclusive se tem a oportunidade de olho no olho. Eu digo que é o amor que vai vencer também, quanto mais a gente fizer, chegar ali com Farmácia Popular, com o Bolsa Família, para quem não tem renda, alcançar as pessoas com o Auxílio Gás, apoiar aqueles jovens para ter o pé de meia, para ter uma qualificação.
Temos agora uma saída para quem quer ter o empreendimento com apoio técnico, com assistência, com fundo garantidor, que é o que estamos trabalhando com o programa Acredita. Então, acredito que as políticas que o presidente trabalha para o país, chegando de maneira, vamos dizer assim, organizada para estas pessoas, eu acredito que dará resultado.
Nas duas primeiras respostas, me pareceu que o senhor diagnosticou, sem dizer, que o governo precisa comunicar melhor tudo o que tem feito, todo o arcabouço de projetos sociais que tem, para a população, para que isso chegue. Por que o governo não consegue comunicar?
Olha, o Brasil de Fato é doutor em comunicação, mas eu ouso aqui dizer que o governo está perfeito. Está tudo bem? Não. Nós ainda temos que melhorar na relação política, na comunicação, na própria forma de organização com vários setores da sociedade. E digo que há um trabalho para alcançarmos ainda melhores resultados. O governo é muito maior do que a gente está conseguindo dizer.
Que país do mundo tirou 74% da população da insegurança alimentar. Nenhum. Que país do mundo reduziu tanto a extrema pobreza, igual ao Brasil? Nenhum. Que país do mundo reduziu a pobreza num momento tão delicado como 2023, metade de 2024? Nenhum.
Então, o que aconteceu no Brasil com o volume de investimentos, com saldo positivo de emprego, com crescimento da economia é que temos um crescimento sólido, com reserva cambial. O povo reconhece que a vida melhorou. Qual é o ponto? É como a gente faz o povo perceber que isso é fruto de um projeto que é encabeçado pelo governo federal, que tem como presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Edição: Martina Medina