Cinco horas de violência psicológica, mais de 60 barracos destruídos e um homem agredido. Esse é o saldo de uma ação policial realizada no Acampamento Palestina Livre, na zona rural de Juscimeira (MT), na madrugada da segunda-feira (08), de acordo com relatos de moradores do local. “As pessoas foram acordadas aos gritos, arrombando porta de barraco”, conta uma agricultora, que pede para ter sua identidade mantida em sigilo.
Cerca de 80 agentes, entre policiais civis e militares, invadiram o acampamento por volta das 4h da manhã. De acordo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, a ação policial tinha por objetivo encontrar Raffael Amorim de Brito, investigado pela morte do policial militar Odenil Alves. O crime aconteceu em Cuiabá, a 158 km de Juscimeira, no dia 28 de maio de 2024. O foragido não foi encontrado.
De acordo com relatos das vítimas, os moradores foram levados para o centro comunitário do acampamento e, por cerca de cinco horas, receberam ameaças e agressões verbais. Um agricultor foi agredido com um soco nas costas. “Perguntavam se ele sabia, diziam que ele estava mentindo, que era um vagabundo, que tinha cara de mentiroso”, lembra a agricultora.
Em nota direcionada à Corregedoria Geral da Polícia de Mato Grosso, a direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denuncia a truculência policial e pede a apuração do caso. A nota foi encaminhada também ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público do Estado e ao Fórum Estadual e Conselho Estadual de Direitos Humanos do estado.
“As pessoas estavam no barraco e prestaram as informações e mesmo assim tiveram as lonas cortadas”, informa o documento emitido pela entidade. “Essa atitude demonstra o total despreparo e desrespeito das forças policiais em lidar com trabalhadores e trabalhadoras”, denuncia o texto.
Em imagens gravadas com celulares, as vítimas mostram estragos. “Esse, rasgaram em três lugares”, relata uma moradora enquanto mostra lonas destruídas e direciona a câmera para a porta, por onde entra a luz, entre as frestas da madeira. “Sendo que a porta ainda dava para ver dentro do barraco”, lamenta.
O acampamento Palestina Livre fica na área do Assentamento do Assentamento Egídio Brunetto. Por lá, vivem 317 família, que chegaram no local há dois meses. Os moradores afirmam que os policiais não apresentaram mandado judicial que permitisse o acesso à área.
Por meio de resposta encaminhada pela assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso informa que a Polícia Civil ainda não foi oficialmente comunicada a respeito das denúncias de violência. A reportagem será atualizada em caso de manifestações futuras.
Edição: Nathallia Fonseca