O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou nesta segunda-feira (15) que a Rússia deve participar na segunda cúpula - após o encontro na Suíça no mês passado - sobre a resolução do conflito ucraniano. A expectativa é de que os preparativos para a conferência sejam concluídos até novembro de 2024.
"Acredito que os representantes russos deveriam estar na segunda cúpula", disse o presidente, citado pela publicação ucraniana Strana.
"Estabeleci a tarefa para que em novembro tenhamos um plano totalmente preparado. Assim que o plano estiver pronto, tudo estará pronto para a segunda cúpula", acrescentou.
Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, tinha afirmado que "não há substância concreta sobre este assunto agora, não há compreensão de que agenda podemos falar”.
:: Cúpula sobre Ucrânia abre caminho para inclusão da Rússia em negociações ::
A primeira cúpula de paz aconteceu nos dias 15 e 16 de junho na Suíça, na qual participaram representantes de 91 países, mas não a Rússia, e oito organizações. O evento teve como base a "fórmula de paz" de Zelensky, que também contém uma cláusula sobre a retirada das tropas russas dos territórios de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye, anexados pela Rússia, restabelecendo as fronteiras da Ucrânia de 1991.
Moscou exclui a possibilidade de negociações nestes termos. O item sobre a retirada das tropas russas não foi incluído no comunicado final da cúpula na Suíça.
O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, apresentou uma proposta para pôr fim ao conflito em 14 de junho, afirmando que se a Ucrânia retirasse as suas tropas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye - anexadas pela Rússia durante a guerra -, e recusar os planos de entrar na Otan, Moscou adotaria "imediatamente um cessar-fogo" e iniciaria negociações. Kiev, no entanto, rejeitou a proposta, afirmando que a sugestão representa um ultimato.
Quase metade dos ucraniano defende início das negociações com Rússia
Uma pesquisa realizada no final de junho pelo centro de pesquisas ucraniano Razumkov mostrou que quase metade dos ucranianos está pronta para negociações com a Rússia, mas a grande maioria não está disposta em aceitar as condições russas para o fim do conflito.
De acordo com o estudo, cerca de 44% dos ucranianos estão prontos para negociações de paz com a Rússia, enquanto 35% se manifestaram contra as conversações com Moscou.
os responsáveis pela pesquisa ressaltam que os resultados variam significativamente dependendo das regiões da Ucrânia onde foi realizado o estudo. Na parte central do país, quase metade dos entrevistados (49%) concorda em iniciar negociações com a Rússia, enquanto na região mais ocidental da Ucrânia, este índice foi de 35%. Já no sul do país, 60% acreditam que chegou a hora de promover negociações de paz.
Ao mesmo tempo, a maioria dos ucranianos não concorda com os termos da trégua recentemente apresentada pelo presidente russo, Vladimir Putin. Por exemplo, 83% dos entrevistados não consideram possível passar para a Rússia as quatro regiões parcialmente ocupadas por Moscou: Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye.
Um pouco mais da metade dos ucranianos (51%) defende a retirada das tropas russas do território ucraniano demarcado em 1991. Já 26% estão prontos para aceitar a interrupção da guerra na linha de demarcação estabelecido no início de 2022.
Ao mesmo tempo, dois terços dos entrevistados (66%) acreditam que a Rússia pode ser derrotada no campo de batalha e 82% acreditam que a vitória da Ucrânia pode ser alcançável se o Ocidente fornecer armas suficientes ao país.
Edição: Rodrigo Durão Coelho