EXTREMA DIREITA

Entidade acusa governo Bukele de manter quase 3 mil crianças e adolescentes presos em El Salvador 

Mais de mil crianças receberam sentenças de prisão; tortura e confissões falsas são comuns, diz relatório

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |
Quarto de garota de 17 anos que ficou presa por um ano, acusada de pertencer a uma gangue em Sonsonate, El Salvador - Human Rights Watch

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou que o governo de extrema direita de Nayib Bukele em El Salvador mantém quase 3 mil menores de idade presos. O relatório da entidade divulgado nesta terça-feira (16) diz  que o regime de exceção vigente desde 2022 abriu caminho para "maus-tratos", "prisões indiscriminadas" e casos de tortura no país.

O documento intitulado Seu filho não existe aqui documenta casos de violações aos direitos humanos enquanto normas de exceção vigoram em El Salvador, em nome do combate às gangues. São registradas incursões da polícia e do Exército em comunidades vulneráveis, onde a violência das gangues era constante, com um balanço de mais de 80 mil presos, incluindo quase 3 mil menores. 

O texto afirma que mais de mil crianças foram condenadas com sentenças que vão de dois a 12 anos de prisão, em alguns casos "por acusações definidas de forma excessivamente ampla como o crime de [integrar] grupos ilícitos, e frequentemente com base em testemunhos policiais não corroborados". 

"Os meninos, meninas e adolescentes de comunidades vulneráveis de El Salvador sofreram graves violações aos direitos humanos devido às prisões indiscriminadas implementadas pelo governo" do presidente Nayib Bukele, disse a diretora das Américas da HRW, Juanita Goebertus. 

"O governo deveria implementar uma política de segurança efetiva e respeitosa aos direitos humanos que desmantele as gangues, previna o recrutamento de crianças e lhes proporcione proteção e oportunidades", acrescentou. 

"Em muitos casos, as autoridades forçaram os menores a realizar confissões falsas, mediante uma combinação de acordos judiciais abusivos e, às vezes, maus tratos e torturas", disse a HRW. 

Bukele nega-se a acabar com o regime de exceção e ignora as críticas de grupos de direitos humanos, enquanto seu comissário de Direitos Humanos, Andrés Guzmán, nega casos de tortura. Com sua política, os homicídios caíram drasticamente e Bukele se tornou o mandatário mais popular da América Latina, segundo uma pesquisa regional. Em fevereiro, foi reeleito com 85% dos votos. 
 

*Com AFP

Edição: Rodrigo Durão Coelho